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TELEVISÃO
Restrição deve abranger telejornais e fará parte do código de auto-regulamentação
Governo só quer violência após 20h30
da Sucursal de Brasília
O governo brasileiro vai propor
que as redes de TV aberta estabeleçam um horário mínimo para a
exibição de programas que contenham cenas violentas. A restrição
se aplica a filmes, novelas, seriados
e até a telejornais e documentários.
Essa determinação fará parte do
código de auto-regulamentação
que as TVs estão elaborando e que
deve ficar pronto até junho.
Segundo José Gregori, secretário
nacional dos Direitos Humanos,
nenhuma das TVs que estão participando da elaboração do código
rechaçou as propostas até agora.
Gregori foi escolhido pelo presidente Fernando Henrique para negociar com as redes de TV a organização do código de conduta.
A decisão de criar um horário
mínimo para a exibição de programas violentos foi discutida ontem
em Brasília durante reunião organizada pela Unesco (Organização
das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura) e é inspirada na
experiência do Canadá.
Só estavam presentes à reunião
representantes da TV Globo e da
TV Cultura.
Desde abril de 97, as TVs canadenses só apresentam programas
com cenas de violência depois das
20h30. A decisão foi tomada em
comum acordo por todas as redes,
da mesma maneira que o governo
pretende fazer no Brasil. Só que no
Canadá os programas jornalísticos
ficam fora da proibição.
Para Gregori, a inclusão dos telejornais não compromete a transmissão de informações. "Há várias
maneiras de tratar uma notícia. Dá
para informar atos violentos sem
mostrar cenas chocantes", diz.
As TVs que não obedecerem à
determinação estarão sujeitas a
uma multa. Se continuarem descumprindo a medida, poderão ter
a programação suspensa.
Gregori diz que o objetivo é evitar que crianças e adolescentes sejam expostos a cenas violentas.
Para o canadense Pierre Juneau,
presidente do Conselho Mundial
de Rádio e Televisão, mesmo que
não haja pesquisas conclusivas
provando que a exibição de programas violentos torna as crianças
mais agressivas, é melhor não correr o risco. "Não sabemos o quanto
a mídia influencia no comportamento violento, mas parece claro
que exerce um papel importante."
Como Gregori, Juneau defende
que a medida seja implantada em
consenso pelas redes de TV e não
imposta por lei. "A auto-regulamentação é a maneira mais eficaz
de melhorar a qualidade da programação. As redes sabem que têm
uma responsabilidade social e está
na hora de exercê-la."
Para Gregori, a programação hoje é uma "esculhambação", fruto
de oito anos de omissão dos dirigentes das TVs e do governo.
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