São Paulo, quinta, 28 de janeiro de 1999

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FAVELA NAVAL
Acusações podem ser abrandadas
Ex-PMs podem ser libertados após júri

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Três dos quatro ex-PMs que estão sendo julgados no Tribunal do Júri de Diadema (Grande SP) por participação no caso da favela Naval deverão ter suas acusações abrandadas e poderão sair em liberdade do plenário.
Ricardo Luiz Buzeto, Rogério Néri Bonfim, Demontier Carolino de Figueiredo e Adriano Lino de Oliveira foram denunciados por co-autoria em homicídio ou por tentativa de homicídio, além de abusos de autoridade.
As cenas de dez policiais agredindo pessoas que passavam pelo local foram gravadas por um cinegrafista, na favela Naval, em março de 97. Em uma das blitze, o conferente Mário Josino foi morto com um tiro disparado pelo ex-PM Otávio Gambra, o Rambo, que fora condenado a 65 anos de prisão.
Além dele, outros três ex-policiais militares já foram condenados. Dois deles foram libertados porque já haviam cumprido um sexto da pena que receberam. Faltam ser julgados mais dois ex-PMs.
De acordo com o promotor José Carlos Blat, a acusação poderá "diminuir a carga de acusação em razão da participação dos réus".
Isso significa que as responsabilizações por homicídio e tentativa de homicídio devem deixar de ser sugeridas pelo Ministério Público para Demontier, Adriano e Buzeto. Poderá permanecer a acusação de duas tentativas de homicídio em relação a Bonfim.
Nesse caso, os três primeiros responderão somente pelos crimes de abuso de autoridade. Se condenados, as penas não devem ultrapassar dois anos. Como estão presos há mais de um ano, teriam direito à liberdade. Há ainda a possibilidade de diminuição da acusação em relação a Bonfim.
O advogado dos réus, Celso Vendramini, defende a condenação de seus clientes somente por abuso de autoridade. "Esses PMs agiram de uma forma errada e devem pagar por isso, mas não devem ser condenados pelo assassinato, do qual não participaram." O julgamento deve terminar hoje.



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