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"Rio Seguro" resulta na morte de mais 5 civis
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A operação "Rio Seguro", deflagrada pelo governo fluminense
como reação à onda de violência
que o tráfico impôs ao Rio nesta
semana, provocou ontem a morte
de cinco pessoas, entre elas uma
mulher, no morro da Lagartixa,
em Costa Barros (zona norte do
Rio). De acordo com a polícia, todos eram traficantes.
Até agora, já são sete mortos na
operação -anteontem, duas pessoas morreram no Jacaré (zona
norte). Ontem, foram feitas incursões em 15 favelas da cidade. Participam da "Rio Seguro" 28.000
policiais civis e militares e 4.500
guardas municipais.
Anteontem, o secretário de Segurança Pública, Josias Quintal,
deu sinal verde para os confrontos: "Se tiver conflito armado, vai
ter. Se alguém tiver de morrer por
isso, que morra. Nós vamos partir
para dentro, não tem conversa".
Ontem, ele lamentou as mortes,
mas disse que "as operações continuarão por tempo indeterminado" e que a ordem da polícia é "estabelecer o máximo de pressão
sobre o narcotráfico e realizar o
máximo possível de prisões".
A operação em Costa Barros começou por volta das 7h, com 26
policiais que pretendiam cumprir
mandados de prisão contra Paulo
César Silva dos Santos, o Linho, e
Arlei Azevedo de Araújo, o Arlei.
Linho, atualmente o traficante
mais procurado do Rio, é líder da
facção criminosa TC (Terceiro
Comando). Arlei, acusado de matar policiais e organizar bondes
(comboios de traficantes armados), é um dos suspeitos de matar
o policial civil Marcos Augusto de
Paula, em setembro passado.
Segundo o delegado Carlos Oliveira, logo após sua equipe subir o
morro um grupo atacou os policiais a tiros e a granadas.
Dois policiais ficaram levemente feridos por estilhaços do explosivo. No final da manhã, os moradores queimaram dois ônibus em
protesto contra a operação e sete
pessoas foram detidas.
A polícia apreendeu na operação dois fuzis, três pistolas, três
radiotransmissores, um telefone
celular, cerca de 400 sacolés de cocaína e um pouco de maconha.
Até a conclusão desta edição, as
operações nas outras 14 favelas
haviam resultado na prisão de sete homens e na apreensão de dois
fuzis, uma carabina e drogas. Anteontem, 70 foram presos.
Represália do tráfico
Entre a noite de quarta-feira e
ontem, mais 11 ônibus foram
queimados por traficantes, na sequência de atentados iniciados na
segunda-feira. Nesse período, no
Rio e na região metropolitana, já
foram incendiados 39 ônibus.
Outros 19 foram depredados.
Ontem, morreu Auri Maria do
Canto, 70, em decorrência de
complicações das queimaduras
sofridas quando o ônibus no qual
estava foi incendiado em Botafogo (zona sul do Rio), na segunda-feira. Ele teve 25% do corpo queimado e fraturas no fêmur. Sua família já anunciou que pretende
recorrer à Justiça para pedir indenização ao Estado pela morte.
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