UOL


São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Rio Seguro" resulta na morte de mais 5 civis

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A operação "Rio Seguro", deflagrada pelo governo fluminense como reação à onda de violência que o tráfico impôs ao Rio nesta semana, provocou ontem a morte de cinco pessoas, entre elas uma mulher, no morro da Lagartixa, em Costa Barros (zona norte do Rio). De acordo com a polícia, todos eram traficantes.
Até agora, já são sete mortos na operação -anteontem, duas pessoas morreram no Jacaré (zona norte). Ontem, foram feitas incursões em 15 favelas da cidade. Participam da "Rio Seguro" 28.000 policiais civis e militares e 4.500 guardas municipais.
Anteontem, o secretário de Segurança Pública, Josias Quintal, deu sinal verde para os confrontos: "Se tiver conflito armado, vai ter. Se alguém tiver de morrer por isso, que morra. Nós vamos partir para dentro, não tem conversa".
Ontem, ele lamentou as mortes, mas disse que "as operações continuarão por tempo indeterminado" e que a ordem da polícia é "estabelecer o máximo de pressão sobre o narcotráfico e realizar o máximo possível de prisões".
A operação em Costa Barros começou por volta das 7h, com 26 policiais que pretendiam cumprir mandados de prisão contra Paulo César Silva dos Santos, o Linho, e Arlei Azevedo de Araújo, o Arlei.
Linho, atualmente o traficante mais procurado do Rio, é líder da facção criminosa TC (Terceiro Comando). Arlei, acusado de matar policiais e organizar bondes (comboios de traficantes armados), é um dos suspeitos de matar o policial civil Marcos Augusto de Paula, em setembro passado.
Segundo o delegado Carlos Oliveira, logo após sua equipe subir o morro um grupo atacou os policiais a tiros e a granadas.
Dois policiais ficaram levemente feridos por estilhaços do explosivo. No final da manhã, os moradores queimaram dois ônibus em protesto contra a operação e sete pessoas foram detidas.
A polícia apreendeu na operação dois fuzis, três pistolas, três radiotransmissores, um telefone celular, cerca de 400 sacolés de cocaína e um pouco de maconha.
Até a conclusão desta edição, as operações nas outras 14 favelas haviam resultado na prisão de sete homens e na apreensão de dois fuzis, uma carabina e drogas. Anteontem, 70 foram presos.

Represália do tráfico
Entre a noite de quarta-feira e ontem, mais 11 ônibus foram queimados por traficantes, na sequência de atentados iniciados na segunda-feira. Nesse período, no Rio e na região metropolitana, já foram incendiados 39 ônibus. Outros 19 foram depredados.
Ontem, morreu Auri Maria do Canto, 70, em decorrência de complicações das queimaduras sofridas quando o ônibus no qual estava foi incendiado em Botafogo (zona sul do Rio), na segunda-feira. Ele teve 25% do corpo queimado e fraturas no fêmur. Sua família já anunciou que pretende recorrer à Justiça para pedir indenização ao Estado pela morte.


Texto Anterior: Beira-Mar não voltará, diz Rosinha
Próximo Texto: Barbara Gancia: Amante mudou de nome - 2
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.