Estado do Nordeste tem 50,7 assassinatos por 100 mil habitantes; Espírito Santo é o segundo, seguido do Rio de Janeiro

Se o ranking se baseasse em números absolutos, São Paulo encabeçaria lista; Estado é o 10º em mortes a cada 100 mil habitantes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre 1994 e 2004, o Rio de Janeiro perdeu a posição de liderança no ranking nacional de taxa de homicídios, cedendo o posto para Pernambuco, que registrou taxa de 50,7 assassinatos para cada 100 mil habitantes. O Espírito Santo se manteve no segundo lugar, seguido do Rio de Janeiro. São Paulo, 10º colocado, ficaria à frente se fosse considerado o número absoluto de homicídios -em 2004, foram 11.216 registrados pelo Sistema de Informações de Mortalidade, base de dados usado no estudo Mapa da Violência. Porém, a taxa de homicídios do Estado é de 28,6, próxima à média nacional de 27,0 para 2004.
Entre os últimos colocados, com taxas de 11 a 12 homicídios para 100 mil habitantes, estão Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí. Com o detalhamento municipal, é possível saber a extensão da violência dentro de cada Estado. Em Pernambuco, Rio de Janeiro e Amapá, mais de 90% dos homicídios foram entre as cidades incluídas na lista dos 10% dos municípios mais "perigosos". No caso dos dois primeiros, quase metade das cidades está nesse grupo.
Em São Paulo, 71 dos 645 municípios entram nessa categoria e concentram quase 80% dos 11.216 assassinatos. Para os pesquisadores, os dados ajudarão as secretarias estaduais de Segurança Pública a focar esforços em certas cidades. "Sabemos que a mobilização municipal dá frutos evidentes. No caso de Guarulhos (Grande SP), as taxas caíram drasticamente", disse Julio Waiselfisz, responsável pelo estudo. Ele diz que, em geral, as verbas federais, do Fundo Nacional de Segurança Pública, são aplicadas nas regiões metropolitanas.
Em Santa Catarina, que tem a menor taxa, foram registrados 632 homicídios em 2004. O Estado com o menor número de homicídios foi Roraima, com 83 vítimas. Nesse Estado, o problema aparenta estar concentrado em uma região, provavelmente ligado a disputas de terras indígenas.

Pernambuco
No líder do ranking, Pernambuco, a cultura da honra e da masculinidade, a alta disponibilidade de armas de fogo e o surgimento de redes criminosas associadas ao tráfico de drogas e a grupos de extermínio são os responsáveis pelos altos índices de homicídios. A opinião é do coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Criminalidade e Políticas Públicas de Segurança da Universidade Federal de Pernambuco, José Luiz Ratton.
Segundo ele, o crescimento da violência transformou a estrutura demográfica do Brasil na de um país em guerra. "Os homens jovens estão morrendo", disse. Em Pernambuco, o fenômeno, diz, explica em parte o aumento do número de assassinatos de mulheres no Estado -cerca de 300 em 2006.
"A morte dos rapazes abre cada vez mais espaço para a entrada de mulheres no crime." O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Romero Meneses, não comentou o estudo.