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Três franceses são mortos a facadas em Copacabana
Eles trabalhavam em ONG de assistência a crianças carentes;
funcionário, também beneficiário da organização, é suspeito
Casal deixou um filho de
dois anos; segundo a polícia,
vítimas foram mortas por
terem descoberto um
esquema de desvio de verba
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Três franceses foram assassinados a facadas na manhã de
ontem, em um prédio de Copacabana (zona sul do Rio). As vítimas, uma mulher e dois homens, trabalhavam na ONG
Terr'Ativa, que realiza projetos
com crianças carentes.
Segundo a polícia, eles foram
mortos porque teriam descoberto um desvio de dinheiro da
entidade. Três suspeitos foram
presos, entre eles um funcionário da ONG, que confessou o
crime.
Os mortos são Jérôme Faure,
38, e o casal Christian Pierre
Doupes, 42, e Delphine Douyère, 36 -que deixou um filho de
dois anos. De acordo com a polícia, havia marcas de sangue
por todo o local do crime, o que
indica que os franceses lutaram
contra os assassinos.
O crime ocorreu por volta
das 7h. Társio Wilson Ramires,
25, funcionário da ONG havia
dez anos, entrou no prédio
acompanhado por dois homens. Disse que eram técnicos
de informática.
Na versão da polícia, Ramires
seria o responsável pelo desvio.
Por essa versão, ele não pagava
impostos ou contas e ficava
com as quantias. Com o esquema supostamente descoberto
pelas vítimas, decidiu matá-las.
Os franceses foram atacados
e mortos ao chegar à sala da
ONG, no terceiro andar.
Com as mãos ensangüentadas, um dos suspeitos, Luís
Gonzaga Gonçalves de Oliveira,
28, saiu correndo pela portaria
e fugiu. O porteiro fechou a
porta para impedir a saída de
Ramires e chamou a polícia,
que o prendeu. O terceiro suspeito, José Michel Gonçalves
Cardoso, 25, também fugiu.
Cardoso e Oliveira foram
presos horas depois. Os dois teriam recebido R$ 2.000 de Ramires para participar da ação.
Ramires disse aos jornalistas
que seu objetivo não era matar
as vítimas, mas dar um susto.
Ele afirmou que quem comandava o desvio de dinheiro era
Delphine, que queria que ele
assumisse tudo sozinho.
Ramires confessou ter esfaqueado apenas Christian e se
disse arrependido. "Nada justifica", declarou. Oliveira negou
o crime e disse que tentou impedir que Delphine fosse morta. O terceiro suspeito disse que
amarrou Jérôme e fugiu assim
que o casal chegou.
Os três serão indiciados por
homicídio qualificado (motivo
torpe, métodos cruéis e impossibilidade de defesa). Para cada
uma das mortes, a pena varia de
dois a 30 anos de prisão.
Vida carioca
Delphine Douyère, o marido
Christian Doupes e Jérôme
Faure estavam adaptados à vida carioca. Freqüentavam o
bairro de Copacabana, onde viviam há três anos, e desfilavam
todo ano na escola de samba
Acadêmicos do Grande Rio.
Os três franceses assassinados ontem eram da direção da
ONG Terr'Ativa, fundada em
2000.
A instituição possui quatro
projetos voltados para crianças
e jovens carentes na zona norte
do Rio. Társio Ramires, acusado de ser o mandante do crime,
era coordenador de um e beneficiário (com uma bolsa de estudos) de outro.
A Terr'Ativa apresenta como
apoiadores a distribuidora de
gás Supergasbras, o jogador Juninho Pernambucano e seu
clube, o Olimpique de Lyon.
A Supergasbras afirmou investir R$ 100 mil anuais na organização desde 2003. Procurado, o jogador não retornou as
ligações.
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