São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Via-crúcis de turistas continua até o hotel

Desde o incêndio de quarta-feira, passageiros do navio Costa Romantica levaram até 32 horas para chegar a acomodações

Passageiros reclamaram que as bagagens tiveram prioridade no desembarque; empresa alega que essa é a logística habitual adotada

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Entre a espera no navio, após o incêndio de quarta-feira, e os traslados de barco e van, a via-crúcis dos passageiros do transatlântico Costa Romantica para chegar a um hotel levou até 32 horas. Aqueles que pretendiam desembarcar em Buenos Aires, destino final de 330 dos 338 brasileiros a bordo (dentre 1.479 passageiros no total), levaram até 20 horas a mais.
O cruzeiro saiu do Rio na segunda e chegaria à capital da Argentina ontem. Mas, na quarta, às 20h50, os passageiros foram surpreendidos pelo fogo. Após mais de 30 horas de espera no barco -mais de 22 delas com a embarcação parada e 18 sem energia elétrica nem banheiros funcionando ou alimentos quentes-, os passageiros chegaram à costa do Uruguai na madrugada de ontem.
A partir do meio-dia, a empresa Costa Cruzeiros começou a levar os turistas a Buenos Aires -270 saíram de avião fretado de Punta del Este e outros 1.209, de barco, de Montevidéu.
Os passageiros que continuariam no cruzeiro até o Chile tiveram a viagem cancelada e receberam a promessa de devolução do dinheiro -caso de oito brasileiros. O navio, diz a empresa, passa por inspeção.
O navio atracou a cerca de 1 km da costa por volta das 22h de anteontem. As malas foram desembarcadas primeiro, até a 1h; só depois as pessoas foram transportadas por botes.
"Foram 30 horas de bastante sufoco e de falta de informação", reclamava a administradora Geane Rodrigues, 36, que foi levada para Montevidéu -a Costa Cruzeiros custeou a estadia de todos os passageiros.
"Até a 1h foram só as malas. Depois eles começaram a chamar a gente pela cor das etiquetas, conforme o andar [do sétimo, onde ficam os quartos mais luxuosos, até o terceiro, dos mais baratos]", diz Rodrigues.
A empresa alega que essa é a "logística" usual de desembarque. Mas os passageiros se irritaram. "Não deram preferência para idosos ou crianças."
Passageiros reclamam também da segurança na travessia de 15 minutos entre o navio e a costa. "Fomos sem salva-vidas, em barcos abertos, com ventania", diz o engenheiro Márcio Florêncio da Silva. Sua chegada a Buenos Aires era prevista para a 0h de hoje -mais de 50 horas após o incêndio.
Um grupo que chegou às 15h a um porto de Buenos Aires ainda teve de esperar mais duas horas e meia até ser levado a hotéis. Até a chegada do representante da Costa Cruzeiros, às 17h30, eles sofreram com a falta de informação, disse o dançarino Cristiano Souto, 25. Ele afirmou, porém, que, do desembarque em Punta del Este a Buenos Aires, tudo correra bem.
A professora aposentada Susana Taurian, 59, também elogiou a assistência. "É mentira que faltou comida. A tripulação não dormiu para nos atender."
O professor de dança Roberto Motta, 32, que estava no mesmo grupo de Souto, afirmou às 22h que um representante da Costa Cruzeiros ficou de encontrá-los pela manhã para informar sobre horários de voo para o Brasil.


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