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Via-crúcis de turistas continua até o hotel
Desde o incêndio de quarta-feira, passageiros do navio Costa Romantica levaram até 32 horas para chegar a acomodações
Passageiros reclamaram que as bagagens tiveram prioridade no desembarque; empresa alega que essa é a logística habitual adotada
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Entre a espera no navio, após
o incêndio de quarta-feira, e os
traslados de barco e van, a via-crúcis dos passageiros do transatlântico Costa Romantica para chegar a um hotel levou até
32 horas. Aqueles que pretendiam desembarcar em Buenos
Aires, destino final de 330 dos
338 brasileiros a bordo (dentre
1.479 passageiros no total), levaram até 20 horas a mais.
O cruzeiro saiu do Rio na segunda e chegaria à capital da
Argentina ontem. Mas, na
quarta, às 20h50, os passageiros foram surpreendidos pelo
fogo. Após mais de 30 horas de
espera no barco -mais de 22
delas com a embarcação parada
e 18 sem energia elétrica nem
banheiros funcionando ou alimentos quentes-, os passageiros chegaram à costa do Uruguai na madrugada de ontem.
A partir do meio-dia, a empresa Costa Cruzeiros começou a levar os turistas a Buenos
Aires -270 saíram de avião fretado de Punta del Este e outros
1.209, de barco, de Montevidéu.
Os passageiros que continuariam no cruzeiro até o Chile tiveram a viagem cancelada e receberam a promessa de devolução do dinheiro -caso de oito
brasileiros. O navio, diz a empresa, passa por inspeção.
O navio atracou a cerca de 1
km da costa por volta das 22h
de anteontem. As malas foram
desembarcadas primeiro, até a
1h; só depois as pessoas foram
transportadas por botes.
"Foram 30 horas de bastante
sufoco e de falta de informação", reclamava a administradora Geane Rodrigues, 36, que
foi levada para Montevidéu -a
Costa Cruzeiros custeou a estadia de todos os passageiros.
"Até a 1h foram só as malas.
Depois eles começaram a chamar a gente pela cor das etiquetas, conforme o andar [do sétimo, onde ficam os quartos mais
luxuosos, até o terceiro, dos
mais baratos]", diz Rodrigues.
A empresa alega que essa é a
"logística" usual de desembarque. Mas os passageiros se irritaram. "Não deram preferência
para idosos ou crianças."
Passageiros reclamam também da segurança na travessia
de 15 minutos entre o navio e a
costa. "Fomos sem salva-vidas,
em barcos abertos, com ventania", diz o engenheiro Márcio
Florêncio da Silva. Sua chegada
a Buenos Aires era prevista para a 0h de hoje -mais de 50 horas após o incêndio.
Um grupo que chegou às 15h
a um porto de Buenos Aires ainda teve de esperar mais duas
horas e meia até ser levado a
hotéis. Até a chegada do representante da Costa Cruzeiros, às
17h30, eles sofreram com a falta
de informação, disse o dançarino Cristiano Souto, 25. Ele afirmou, porém, que, do desembarque em Punta del Este a Buenos
Aires, tudo correra bem.
A professora aposentada Susana Taurian, 59, também elogiou a assistência. "É mentira
que faltou comida. A tripulação
não dormiu para nos atender."
O professor de dança Roberto Motta, 32, que estava no
mesmo grupo de Souto, afirmou às 22h que um representante da Costa Cruzeiros ficou
de encontrá-los pela manhã para informar sobre horários de
voo para o Brasil.
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