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SAÚDE
Árvores mortas represaram água em riachos no tempo da seca
Área incendiada em Roraima tem o dobro de casos de malária
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém
Mucajaí, um dos municípios
mais atingido pelo incêndio em
Roraima no ano passado, passa
agora por outro problema. Nos
dois primeiros meses deste ano, o
número de casos de malária chega
a mais que o dobro dos registrados
no primeiro trimestre de 1998.
Entre janeiro e março do ano
passado, Mucajaí registrou 600
pessoas com malária. Este ano foram diagnosticados 1.232 infectados. No Estado, os números chegam a 3.200 casos nos dois primeiros meses do ano, contra 2.300 casos nos três primeiros meses de 98
-um aumento de cerca de 40%.
Uma das causas do crescimento
seria consequência do incêndio
que destruiu cerca de 13 mil km2 de
floresta primária no ano passado,
segundo levantamento do Inpa
(Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia).
O gerente-técnico de malária da
FNS (Fundação Nacional de Saúde) em Roraima, James Rodrigues
de Souza, disse que o incêndio provocou a derrubada de várias árvores cujos troncos acabaram no leito dos igarapés (pequenos rios).
"Com as chuvas, as árvores mortas represaram as águas, formando
criadouros de mosquitos transmissores."
As pessoas mais atingidas são colonos, assentados e sem-terra que
vivem no município em áreas recentemente devastadas. Além do
assentamento do Apiaú, área castigada pelo incêndio, 4.000 famílias
formaram vilas na região.
Esses índices preocupam os órgãos de saúde de Roraima, já que o
Estado vinha desde 1995 diminuindo a incidência de malária.
Naquele ano, foram cerca de 40 mil
casos; no ano seguinte, 35 mil; em
1997, 30 mil, e em 98, 21 mil.
O coordenador estadual da FNS,
Hiran Gonçalves, no entanto, acredita que o índice pode ainda abaixar. "Nós aumentamos o número
de laboratórios e, em Mucajaí, colocamos mais 40 pessoas para trabalhar." Gonçalves lembrou ainda
que foram feitos convênios com os
15 municípios do Estado para agilizar o atendimento.
Outra área que preocupa a FNS é
a reserva ianomâmi. Enquanto
pessoas de assentamentos e invasões representam cerca de 35% dos
casos de malária, os índios ianomâmi representam cerca de 40%
dos infectados. "Eles acabam sendo infectados por causa das suas
viagens pela reserva no Brasil e na
Venezuela", disse Gonçalves. As
chuvas têm sido constantes no Estado este ano, ao contrário de 98.
Segundo o pesquisador do Inpa,
Reinaldo Imbrózio Barbosa, entre
setembro de 97 e março de 98, praticamente não houve chuva.
Este ano, chove pelo menos uma
vez por semana. Assim, o risco de
incêndio é menor.
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