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SEGURANÇA
Presidente disse que pretende discutir novo plano antiviolência com secretários de Segurança, governadores e prefeitos
Lula quer parceria com Estados contra crime
JULIA DUAILIBI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva propôs ontem, em São Paulo, uma parceria com Estados e
municípios para enfrentar o crime organizado no país e afirmou
que o governo prepara um novo
plano de segurança.
"Nós estamos preparando a
nossa proposta para tentar, com
os governadores e prefeitos, em
reunião com os secretários de Segurança, começar a mudar o ritmo da nossa atuação no combate
ao crime organizado porque nós
não vamos admitir que as pessoas
honestas deste país fiquem com
medo de sair na rua à noite."
Em discurso para empresários
na Associação Comercial e Industrial de São Paulo, Lula não especificou data e local do encontro
com os secretários de Segurança
nem os moldes do que chamou de
"parceria".
Foi a segunda vez em quatro
dias que o presidente abordou o
tema violência em pronunciamentos e prometeu um combate
duro ao crime organizado e ao
narcotráfico.
"É preciso que a gente esteja à
altura desse combate, que significa investir corretamente em um
processo de melhoramento da
nossa polícia, de melhoramento
da nossa inteligência e de cuidar
de evitar que o narcotráfico comece a passar a idéia de que a vítima é o coitadinho que é pego."
A proposta de um pacto contra
o crime foi defendida por governadores de pelo menos 13 Estados, como mostrou a edição de
ontem da Folha. Eles defenderam
uma ação integrada, com a criação de forças-tarefas, reforço na
vigilância de divisas e fronteiras e
trocas constantes de informações.
Críticas
Mesmo sendo um dos que defendem um pacto nacional contra
a violência, o governador Geraldo
Alckmin (PSDB) criticou ontem
as mudanças feitas na proposta de
alteração da Lei de Execuções Penais. Alckmin defendia a manutenção de presos de alta periculosidade em regime de isolamento
por até um sexto da pena, ou seja,
até cinco anos.
Ontem, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos
Deputados aprovou a proposta de
aumentar de 30 dias para 365 dias
o tempo em que um preso que cometeu falta grave pode ficar em
confinamento.
Pelo texto acordado entre governo e oposição, a decisão sobre
o confinamento pode ser tomada
pela direção dos presídios, mas terá que ser ratificada pela Justiça
em um prazo máximo de dez dias.
Caso haja reincidência na falta
grave cometida pelo detido -crime doloso, por exemplo- o confinamento de 365 dias pode ser renovado por igual período.
Ainda pelo projeto, o preso em
confinamento terá direito a duas
horas de banho de sol por dia.
O projeto estava parado na comissão havia cerca de dois anos e
só foi retomado depois do assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antonio José
Machado Dias, morto a tiros em
uma emboscada no último dia 14.
"Estou preocupado com o texto
que pode ser votado pelo Congresso Nacional. Nossa proposta
era que os presos pudessem ficar
sob RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) por até cinco anos",
disse o governador.
Carandiru
Ao falar também ontem sobre a
repressão ao tráfico de drogas,
Lula comparou a atuação da polícia à dos pescadores e recomendou o filme "Carandiru", do cineasta Hector Babenco, para
quem quiser conhecer a realidade
das prisões:
"No combate ao narcotráfico,
ao crime organizado, tem que pegar os peixes grandes deste país
em águas profundas. Não tem que
ter vacilação. Se alguém ainda vacila, por favor, assista ao filme
"Carandiru" que você vai ter noção
do que eu estou falando."
O filme de Babenco tem estréia
prevista para o próximo dia 11.
Colaboraram SIMONE IWASSO, da Reportagem Local, e a Sucursal de Brasília
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