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SAÚDE
Mal de ovários policísticos, que tem origem endócrina e causa desconhecida, afeta 15% das mulheres em idade fértil
Síndrome leva a diabetes e hipertensão
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Atrasos menstruais, acne, obesidade, pêlos anormais no corpo
(hirsutismo) e infertilidade. Esses
podem ser alguns dos sinais de
um distúrbio que afeta ao menos
15% das mulheres em idade reprodutiva, a SOP (síndrome dos
ovários policísticos).
A causa do problema, de origem
endócrina, ainda não está clara.
Uma das hipóteses é que seja um
defeito na ação da insulina, hormônio liberado pelo pâncreas.
Produzida em doses maiores do
que a habitual, ela se concentra
em níveis elevados no sangue (hiperinsulinemia). Se não controlado, o problema leva à diabetes, ao
aumento do colesterol e à hipertensão arterial. Também está relacionado ao câncer de endométrio.
Por isso, dizem os médicos, o
tratamento da SOP deve começar
na adolescência, dois anos após a
primeira menstruação (menarca). Até esse período, a irregularidade menstrual ainda é normal.
Segundo o ginecologista Eduardo Motta, professor-adjunto da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), de 50% a 70% das mulheres com SOP têm hiperinsulinemia. Dessas, 30% terão diabetes
no futuro e 10%, hipertensão arterial ou outras cardiopatias.
O tratamento vai depender dos
sintomas apresentados pela mulher, mas, em geral, são usados
anticoncepcionais (quando a gravidez não é desejada), drogas que
diminuem os níveis de insulina e
os antiandrogênicos. O controle
da obesidade é fundamental.
Indicado pela Febrasgo (Federação Brasileira das Sociedades de
Ginecologia e Obstetrícia) e pela
AMB (Associação Médica Brasileira), o tratamento da SOP não é
consenso entre os médicos.
O caso da estudante de psicologia Juliana Torres, 22, é exemplar.
A menarca ocorreu aos 11 anos e
desde então ela sempre teve irregularidade menstrual. Entre os 14
e os 15 anos, chegou a engordar 30
quilos. Também tinha pêlos no
rosto e queda de cabelo.
Mesmo com todos os sintomas
da SOP, ela passou por quatro ginecologistas e um endocrinologista e nenhum deles soube fazer
um diagnóstico correto. "Diziam
que a menstruação um dia iria se
normalizar e que eu deveria fechar a boca para emagrecer."
Aos 17 anos, porém, quando estava prestes a fazer uma cirurgia
para retirar um cisto de 8 cm no
ovário, uma ginecologista descobriu que a SOP estava associada à
hiperinsulinemia.
Para o presidente da Febrasgo,
Edmundo Baracat, todos os ginecologistas devem seguir o que a
federação e a AMB preconizam.
"Não é por falta de informação.
As diretrizes estão no site da federação e devem ser seguidas."
Mesmo sendo a SOP a maior
causa de falta de ovulação -responde por 80% dos casos-, o
diagnóstico é feito através da exclusão de outros fatores que também causam irregularidade
menstrual, como a hiperprolactinemia e os distúrbios da tireóide,
afirma a médica Cláudia Gazzo,
do Hospital do Servidor Estadual.
A presença de cistos no ovário
não é importante para o diagnóstico porque 25% das mulheres
com esse achado não têm os sintomas da SOP e nem todas as mulheres com hiperandrogenismo
têm cistos nos ovários.
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