São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Grafiteiro critica falta de espaço

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem a polícia nem o preço das tintas. A maior bronca dos grafiteiros de São Paulo hoje são os bons espaços da cidade ocupados institucionalmente.
Criticam os painéis feitos pelas Tintas Coral na av. 23 de Maio, que consumiram 1.200 litros de tinta. "Já tem tanto anúncio na cidade e os caras fazem uma pintura que mais parece um outdoor gratuito", diz Calma, 27, sobre o logotipo da marca nas pinturas.
A Subprefeitura da Sé, que fechou o acordo de cooperação com a Coral, percebeu que o logotipo estava irregular e determinou sua diminuição. A Coral divulgou que até hoje adequaria os logos.
Mas polêmica mesmo tem causado o mural do artista plástico francês Philippe Mayaux sob o viaduto Osaka, na Liberdade, fruto de intercâmbio entre a prefeitura paulistana e a de Paris. Para os dez grafiteiros entrevistados pela Folha, além de ocupar espaço de visibilidade raramente liberado aos artistas locais, o painel do francês é de "mau gosto".
O grafiteiro Gejo, 28, que auxiliou Mayaux no trabalho, conta que sua conclusão levou mais de um mês. "Ele não sabia usar spray nem conhecia técnicas de grafite."
"Está todo mundo reclamando. Dizem que é feio e que não é grafite", conta o artista de rua veterano Rui Amaral, 43. "Falaram até em invadir o trabalho, passar por cima", revela Amaral. O painel já recebeu uma pichação obscena.
"É compreensível o descontentamento", diz Alexandre Youssef, da Coordenadoria Especial da Juventude da prefeitura. "Mas há uma política para o grafite que já liberou muitos outros espaços." Fazer grafite em locais não autorizados é prática ilegal. (FM)


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