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PATRIMÔNIO
Um grupo diz que medida serve apenas para favorecer vista de prédios, enquanto o outro vê ameaça ao bairro
Tombamento de casas opõe moradores na Vila Mariana
DA REPORTAGEM LOCAL
O tombamento de antigas casinhas em uma área próxima ao
Instituto Biológico, na Vila Mariana (zona sul), deflagrou um
conflito entre os moradores do
bairro. Um grupo quer manter as
restrições, e o outro articula o fim
da medida, tomada pela prefeitura em novembro do ano passado.
Por conta do tombamento, onde hoje ficam as casinhas na rua
Conselheiro Rodrigues Alves, em
frente ao instituto, não poderão
ser construídos prédios.
Um grupo de moradores, liderados pelo advogado Gastão Morato, diz que o tombamento é apenas para impedir que os prédios
que ficam atrás não percam a vista do parque Ibirapuera.
Os defensores do tombamento,
iniciado pelo Compresp (Conselho Municipal de Preservação do
Patrimônio Histórico, Cultural e
Ambiental da Cidade de SP), dizem que mudanças podem ameaçar o prédio do Instituto Biológico e as características do bairro.
Hoje, a região experimenta um
período de explosão imobiliária.
Apenas em 2003, foram lançados
14 novos prédios na Vila Mariana.
Fora da região das casinhas,
mas dentro do perímetro do tombamento, o limite para a construção de prédios é de 30 metros, cerca de dez andares, altura inferior à
de outros edifícios do bairro.
Para a diretora do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico, da prefeitura) Mirthes Baffi, as
casinhas têm valor histórico porque foram construídas na mesma
época do prédio do Instituto Biológico, na década de 20.
"São 70 e poucos anos que as casas estão lá, mantendo as mesmas
características. Isso é um dado
importante em uma cidade que se
transforma com a velocidade em
que São Paulo se transforma", diz.
Além disso, o trajeto da rua é o
mesmo desde o século 18.
A diretora do DPH explica que,
desde que foi iniciado o processo
de tombamento, em outubro de
2003, a área já está protegida na
prática. O que vai acontecer, até o
final do processo, são "ajustes".
Mas o grupo liderado pelo advogado Morato ainda tenta reverter o processo. Ele pendurou faixas nas casas, algumas delas em
péssimo estado de conservação.
"Valor arquitetônico?", diz uma.
Esses moradores defendem o
tombamento apenas do prédio do
instituto. Para eles, têm de ficar de
fora as outras construções dentro
do terreno e, principalmente, as
casinhas. Na opinião do advogado, a região é inviável para morar
-em razão do barulho- e também para o comércio -as casinhas não têm garagem.
Para outros moradores, no entanto, o grupo está sendo manipulado por apenas algumas pessoas, que já teriam feito acertos
com construtoras para o local.
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