São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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PATRIMÔNIO

Um grupo diz que medida serve apenas para favorecer vista de prédios, enquanto o outro vê ameaça ao bairro

Tombamento de casas opõe moradores na Vila Mariana

DA REPORTAGEM LOCAL

O tombamento de antigas casinhas em uma área próxima ao Instituto Biológico, na Vila Mariana (zona sul), deflagrou um conflito entre os moradores do bairro. Um grupo quer manter as restrições, e o outro articula o fim da medida, tomada pela prefeitura em novembro do ano passado.
Por conta do tombamento, onde hoje ficam as casinhas na rua Conselheiro Rodrigues Alves, em frente ao instituto, não poderão ser construídos prédios.
Um grupo de moradores, liderados pelo advogado Gastão Morato, diz que o tombamento é apenas para impedir que os prédios que ficam atrás não percam a vista do parque Ibirapuera.
Os defensores do tombamento, iniciado pelo Compresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de SP), dizem que mudanças podem ameaçar o prédio do Instituto Biológico e as características do bairro.
Hoje, a região experimenta um período de explosão imobiliária. Apenas em 2003, foram lançados 14 novos prédios na Vila Mariana.
Fora da região das casinhas, mas dentro do perímetro do tombamento, o limite para a construção de prédios é de 30 metros, cerca de dez andares, altura inferior à de outros edifícios do bairro.
Para a diretora do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico, da prefeitura) Mirthes Baffi, as casinhas têm valor histórico porque foram construídas na mesma época do prédio do Instituto Biológico, na década de 20.
"São 70 e poucos anos que as casas estão lá, mantendo as mesmas características. Isso é um dado importante em uma cidade que se transforma com a velocidade em que São Paulo se transforma", diz. Além disso, o trajeto da rua é o mesmo desde o século 18.
A diretora do DPH explica que, desde que foi iniciado o processo de tombamento, em outubro de 2003, a área já está protegida na prática. O que vai acontecer, até o final do processo, são "ajustes".
Mas o grupo liderado pelo advogado Morato ainda tenta reverter o processo. Ele pendurou faixas nas casas, algumas delas em péssimo estado de conservação. "Valor arquitetônico?", diz uma.
Esses moradores defendem o tombamento apenas do prédio do instituto. Para eles, têm de ficar de fora as outras construções dentro do terreno e, principalmente, as casinhas. Na opinião do advogado, a região é inviável para morar -em razão do barulho- e também para o comércio -as casinhas não têm garagem.
Para outros moradores, no entanto, o grupo está sendo manipulado por apenas algumas pessoas, que já teriam feito acertos com construtoras para o local.


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