São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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TRÂNSITO

Rotas alternativas às obras viárias fazem paulistano andar mais e perder mais tempo nos congestionamentos

Desvios atrapalham vida de motoristas

DO "AGORA"

Ter de passar por caminhos mais longos, ficar mais tempo no trânsito, desenvolver velocidade menor e espera por causa da lentidão. O tráfego já complicado da cidade de São Paulo piorou ainda mais com a implantação de desvios e alternativas às obras viárias.
As reformas de vias, viadutos, construções de faixas exclusivas para ônibus à esquerda (Passa-Rápido) e túneis se multiplicaram no ano em que a prefeita Marta Suplicy (PT) tentará se reeleger.
A reportagem percorreu oito pontos diferentes de seis grandes obras viárias em andamento. Percorreu todas as 14 rotas de desvios e alternativas propostas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e ouviu 35 motoristas, além de moradores e comerciantes -para quem há transtornos em todos os casos.
Vias que antes tinham tráfego relativamente tranqüilo agora se transformaram em verdadeiros corredores de acesso a veículos, como no caso da rua Escócia (Itaim Bibi, zona oeste), na área do desvio da obra do túnel da Cidade Jardim, rua Pascoal Pais (Santo Amaro, zona sul), integrante do corredor Nove de Julho/Santo Amaro, e largo São José do Belém (Belém, zona leste), integrante da alternativa ao viaduto Bresser, no sentido Mooca/Brás.
"Clientes que não têm onde estacionar simplesmente procuram outros lugares para comer", disse Iraldo de Brito, de um restaurante do Itaim Bibi. O pior é para os motoristas que reclamam do tráfego, principalmente taxistas, que afirmam perder clientes.
"O preço da corrida num mesmo trecho chega a triplicar devido aos desvios", disse José Antônio da Silva, do ponto de táxi localizado no largo São José do Belém.
O corretor de imóveis Marcos Hsu, 33, precisa passar todos os dias pela região da Rebouças e afirma que está demorando o dobro do tempo para atravessar a avenida até chegar à rua Diogo Moreira. Fazia o trajeto em cinco minutos -agora leva dez.
"Está bagunçado até em horários mais tranqüilos", disse Hsu. Muitos evitam ao máximo transitar pelas regiões onde as obras acontecem, mas, para alguns profissionais, como motoristas particulares, taxistas, caminhoneiros e motoboys, a passagem pelo caos é praticamente inevitável.
"Tento evitar, mas, em alguns lugares, não tem jeito. O problema é que, com tanto carro, fica difícil. Para estacionar, mais ainda", disse o motorista Marcos Antonio Pazotto, 53. Ele precisa ir todo dia da Vila Prudente (zona leste) até o Brás (centro), onde trabalha -e diz que está tendo bastante dificuldade, principalmente na rua do Hipódromo (Brás).


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