São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inicialmente classificado como furacão, fenômeno se formou a cerca de 1.000 km da orla com velocidade de 100 km/h

Ciclone raro se aproxima da costa de SC

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Um ciclone extratropical que se formou a cerca de mil quilômetros da costa sul do país se aproximava ontem do litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Havia previsão de ventos e chuvas fortes na região, que estava em estado de alerta. O fenômeno, com característica raras, chegou a ser confundido com um furacão.
Até o final da tarde de ontem, o principal órgão de meteorologia catarinense tratava o fenômeno como um furacão de nível 1, o mais fraco deles, devido à informação repassada pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. O Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), afirmava que o fenômeno era na verdade um ciclone.
"Houve uma confusão. O que foi registrado era um ciclone extratropical com características raras. As imagens de satélite mostravam que o fenômeno tinha um olho, elemento sempre presente nos furacões, e uma movimentação atípica [do oceano para a costa]", afirmou o meteorologista Marcelo Seluchi, chefe da divisão de operações do Cptec.
No início da tarde, o Climerh (Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina) registrava mar "intensamente agitado", aumento da nebulosidade e ressaca no litoral. O órgão mantinha condição de alerta para o Estado.
Defesa Civil, bombeiros e polícias estavam com equipes preparadas para atuar imediatamente diante de possíveis transtornos.
"Não estão descartados ventos muito fortes, de até 100 km/h, chuva intensa e granizo, sobretudo para o sul catarinense e o norte gaúcho", disse o meteorologista Marcelo Martins, do Climerh.
Na avaliação do Cptec, contudo, não havia motivos para alardes até a tarde de ontem. O fenômeno, que é rotineiro, segundo o centro de estudos climáticos, provocaria ventos de 60 km/h a 70 km/h e chuva moderada.
"O ciclone extratropical se forma em situação de baixa pressão atmosférica e não precisa de águas em temperaturas elevadas, como o furacão", disse Seluchi.
De acordo com o Cptec, um furacão registra ventos que chegam a 200 km/h ou 300 km/h. No ciclone, essa velocidade fica em torno de 100 km/h. Outra diferença é a temperatura do oceano. Para a formação de furacões, a água precisa estar mais aquecida -algo em torno de 28C. A chegada do outono desfavorece o fenômeno, pois a temperatura do oceano não passa de 24C.


Colaborou Regionais


Texto Anterior: Meio milênio de vida
Próximo Texto: Violência: PM mata 4 pessoas, fere 3 e morre
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.