DA SUCURSAL DO RIO

O município do Rio de Janeiro tem a maior rede de hospitais públicos do país, superando até a cidade de São Paulo. Já o Estado do Rio tem o maior repasse per capita para a rede de média e alta complexidade -que inclui os hospitais-, com R$ 80,4 por habitante/ano ante R$ 79,01 em São Paulo.
No cálculo da comparação entre Estados não entram recursos destinados para os postos de saúde, medicamentos excepcionais e verbas estratégicas para as unidades de maior complexidade.

Capital federal
No caso da cidade do Rio, a explicação para os números está no passado, quando o município foi capital federal.
A cidade concentrou a maior parte dos institutos de saúde de diversos setores de trabalhadores, daí a grande rede de hospitais, depois federalizados. Essa rede organizada muito antes da criação do Sistema Único de Saúde, em 1988, garantiu um atendimento de saúde para todos os brasileiros e não mais somente aos que tinham emprego formal.
Especialista em saúde pública, o ex-secretário da Saúde de São Paulo, Gonzalo Vecina, lembra que algumas unidades federais, como o Hospital dos Servidores, no Rio, eram de tal excelência que chegaram a receber o presidente da República para tratamentos médicos. "A cidade passou por uma deterioração que não é particularidade do SUS", comentou o ex-secretário.
Sobre a necessidade de mais hospitais, Vecina diz que tanto São Paulo quanto o Rio têm problemas em regiões mais adensadas, mas destaca que a solução tem de ser metropolitana, envolvendo todos os municípios que precisam do atendimento.
"Aquele hospital de Acari não é da cidade, é da região", afirmou Vecina, que já esteve na unidade.
Para Gastão Wagner, professor de saúde pública na Unicamp e ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, o Rio deveria ter priorizado a rede de postos de saúde, em vez dos hospitais.
"A cobertura do Saúde da Família é uma das piores, mas, uma vez feito o hospital, é preciso fazê-lo funcionar", afirma. (FL)


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