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PERNAMBUCO
Polícia Civil, responsável pelo instituto, está em greve; local pode conservar 33 cadáveres, mas estava com 65
Estado intervém, e PM libera corpos no IML
MARCO BAHE
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM
RECIFE
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
A sede do IML (Instituto de Medicina Legal) de Pernambuco, em
Recife, foi ocupada por 50 homens da Companhia Independente de Operações Especiais da
Polícia Militar do Estado, na madrugada de ontem.
Encapuzados, os PMs chegaram
em veículos blindados para cumprir uma ordem do governador
Jarbas Vasconcelos (PMDB) de liberar os corpos retidos por legistas do instituto.
Sessenta e cinco corpos de vítimas de homicídios e acidentes estavam acumulados no IML, que
tem capacidade para manter conservados apenas 33.
Os policiais civis, responsáveis
pelo IML, estão em greve desde a
semana passada. Apenas 14 corpos de vítimas de morte violenta
estavam sendo liberados por dia;
a média é de 20.
Parentes das vítimas faziam vigília na porta do IML à espera dos
corpos. "Meu sobrinho morreu
atropelado há quatro dias. Queremos enterrar o menino e não conseguimos", declarou Francisco
Graciliano Gomes, 54.
Após determinar a ocupação do
IML, o governador deu uma declaração a uma rádio local chamando os grevistas de terroristas.
"É uma coisa inadmissível, negociar com corpos, com cadáveres. Eles [os grevistas] são piores
que terroristas, pois esses, quando matam, ainda devolvem os
corpos", disse Vasconcelos, que
requereu legistas da PM e do
Exército para liberar os corpos.
De acordo com o presidente da
Associação Pernambucana de
Medicina e Odontologia Legal,
Cleidenaldo Santos, o governador
violentou o estado de direito ao
determinar a intervenção. "Tanto
bandido solto por aí, eles [policiais militares] deveriam estar
prendendo bandido", afirmou.
No final da tarde, grevistas e governo entraram em acordo. A PM
desocupou as dependências do
IML sob o compromisso de que
fossem liberados 20 corpos por
dia, mesmo durante a paralisação.
Delegados
Delegados de Pernambuco aderiram à greve da Polícia Civil, iniciada na terça-feira da semana
passada. Segundo o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis) do Estado, apenas quatro plantões estão
funcionando em Recife para o registro de flagrantes.
A adesão dos delegados ocorreu
na sexta-feira, após uma assembléia da categoria. Na manhã de
ontem, os grevistas realizaram
uma passeata pelas ruas de Recife
até o Palácio do Governo.
O vice-presidente do Sinpol,
Nilson Alves, estimou em cerca de
2.000 os manifestantes presentes
no ato, entre agentes, peritos, delegados e escrivães.
A classe reivindica alterações no
projeto de PCCV (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos)
que tramitava na Assembléia Legislativa do Estado.
Conforme uma estimativa do
Sindiserpe (Sindicato dos Servidores Públicos de Pernambuco),
25 mil trabalhadores ligados ao
sindicato permanecem em greve
desde a quinta-feira.
A Secretaria da Administração,
por meio de sua assessoria de imprensa, declarou não haver um
número oficial de servidores em
greve e disse que os grevistas
atuam em funções administrativas do governo do Estado.
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