São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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SISTEMA PRISIONAL

Pela segunda vez em 7 dias, presos liderados por facção criminosa fazem motins em série para mostrar força

PCC comanda mais uma onda de rebeliões

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela segunda vez consecutiva, o sistema prisional de São Paulo começou a semana de forma idêntica: rebeliões simultâneas e funcionários reféns em uma nova demonstração de força do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que domina a maioria das cadeias paulistas.
Ontem, detentos de quatro presídios se amotinaram e fizeram 15 reféns. Três unidades continuavam rebeladas até o fechamento desta edição. As negociações foram suspensas. Não havia dados sobre feridos. No começo da semana passada, detentos de outros quatro presídios se rebelaram e usaram 33 agentes como escudo.
Na semana passada, os motins simultâneos foram um protesto contra a invasão da penitenciária de Iperó (120 km de SP) pela Tropa de Choque da PM para conter uma rebelião. Os presos queriam que o governo de Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, negociasse o fim do motim. Nas rebeliões de ontem, a Secretaria da Administração Penitenciária disse que os detentos não tinham reivindicações.
"Não sei que acordo o governo fez com os presos. Mas parece que não cumpriu", afirmou Luiz da Silva Filho, diretor do Sifuspesp (sindicato dos funcionários do sistema prisional). A secretaria nega acordo e afirma desconhecer a causa das últimas rebeliões.
A série de motins começou ontem pelo CDP do Taubaté (130 km de SP), às 14h45. Quinze minutos depois, presos do CDP 1 de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, iniciaram uma rebelião e fizeram três funcionários reféns.
Pontualmente às 17h, presos de dois presídios na Grande São Paulo também se amotinaram. Eles fizeram oito reféns no CDP de Diadema -um foi solto no começo da noite- e quatro no CDP de Osasco. O tumulto em Taubaté terminou no final da tarde.
Em três unidades, as negociações entre a direção e os presos foram suspensas às 20h e devem ser retomadas na manhã de hoje.
Mulheres de presos que aguardavam em frente aos CDPs de Pinheiros e de Osasco afirmaram que as rebelados protestavam contra a má qualidade da comida e a superlotação -Osasco, Pinheiros e Taubaté estavam com presos acima de capacidade. Elas admitiram que as unidades são dominadas pelo PCC.
Com as três rebeliões ontem -Taubaté foi classificado como tumulto pela secretaria-, são 30 revoltas em 2006. Em todo o ano passado, foram 27. A maior mobilização simultânea feita pelo PCC ocorreu em 2001, quando detentos de 29 presídios se rebelaram.
(GILMAR PENTEADO, LUÍSA BRITO E LAURA CAPRIGLIONE)

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