São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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SEGURANÇA

Tropa é acusada de espancar jovem em quartel

Exército investiga agressão a recruta durante ocupação no Rio

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O Exército apura denúncia de que um tenente e cinco soldados do 8º GAC Pára-Quedista agrediram o recruta Elton Bittencourt Prado, da Companhia de Comando do Comando Militar do Leste (CML), xingaram-no e apontaram um fuzil para sua cabeça, na madrugada da sexta-feira, 10 de março. A Folha ouviu relatos de militares sobre o caso.
Integrantes de tropa de elite da corporação, os pára-quedistas participavam da operação para recuperar armas roubadas, no morro da Providência, e estavam baseados na Companhia de Comando, no Largo do Santo Cristo (centro), próxima ao morro.
A agressão ocorreu por volta das 4h, quando os soldados visitantes voltavam nervosos da Providência, onde o Exército enfrentou tiroteios e queixas de abusos de direitos humanos. Eles teriam praguejado que não tinham "matado nenhum vagabundo" nem "dado porrada" em ninguém.
O ataque teria acontecido porque o recruta lhes disse que a luz do alojamento só poderia ser acesa às 6h, por ordem do comando. Conforme o relato ouvido pela Folha, os pára-quedistas se irritaram: jogaram o rapaz contra a parede, chamaram-no de "urubu" e o agrediram a socos e pontapés. Chegaram a carregar um fuzil e ameaçar dispará-lo.
O tenente disse, aos gritos, que era ordem dele acender a luz, e o recruta tinha de acatá-la. Militares alojados no local acordaram e viram parte da ação.
Segundo militares ouvidos pela Folha, o comandante da unidade, major Walber de Almeida Andrade, não tomou providências ao saber do incidente, pelo próprio recruta Prado, naquela sexta.
Procurado, o major Walber nega ter sabido da agressão, mas admitiu ter conversado na ocasião com o rapaz, que é novato e temia ser punido por não ter sabido onde a luz era acesa. O comandante do 8º GAC Pára-Quedista, tenente-coronel Nélio, estava na companhia naquela noite, mas disse ter sabido do caso ontem, pelo major, e não ter percebido "nenhuma alteração" na ocasião.
A Folha ligou para o recruta Elton Prado na sexta-feira. Ele não quis comentar o caso.
O Ministério Público Federal apura denúncias de moradores do morro da Providência de supostas violações de direitos humanos por parte de militares, durante a operação naquela localidade. O Exército nega.


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