São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Diretor cai após levar preso para ver família

O Ministério Público apresentou denúncia contra o diretor da cadeia de Concórdia, no interior de Santa Catarina

Segundo a Promotoria, condenado por tráfico tinha outras regalias, como pedir comida em um disque-pizza e acesso a computador


FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

O diretor de um presídio do interior de Santa Catarina foi denunciado pelo Ministério Público do Estado sob a acusação de conceder regalias a detentos, como visitas a parentes em outra cidade, acesso a equipamentos como computador, TV e DVD e encomenda de comida em um disque-pizza.
Segundo a Promotoria, um condenado por tráfico de drogas foi levado pelo diretor da cadeia do município de Concórdia (488 km de Florianópolis), sem escolta, a outra cidade para visitar parentes.
Ele deixou o detento dirigir o carro oficial e até dormiu na casa da família do preso, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público.
O diretor da cadeia de Concórdia, Anilton Mendes Lopes, e um agente prisional foram afastados anteontem.

Hóspede
Na ação civil, os promotores dizem que o detento levado a visitar familiares em outra cidade, Nelci Antônio Córdova, era "tratado como se fosse um hóspede do presídio, e não um detento de periculosidade".
A denúncia relata que Córdova e outro detento também foram, com um agente prisional, a uma loja de telefones, onde teriam comprado um celular.
A Promotoria investiga ainda se o condenado intermediava benefícios entre outros detentos e a direção da cadeia.
Em dezembro, uma vistoria realizada pela Polícia Militar e por promotores na cadeia constatou que Córdova cumpria pena fora das celas, em dois cômodos dentro de um galpão usado para trabalho de presos.
No local havia computador, impressora, celular, geladeira, televisão, DVD e home theater, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público.
"A gente apelidou de "reinado" do Nelci", afirma o promotor Daniel Taylor, um dos autores da ação.
Na memória do computador, diz a Promotoria, havia documentos oficiais do presídio. Córdova já foi transferido para um presídio em Chapecó (SC). O Ministério Público também diz que um outro detento negociou a venda de um carro com um comerciante de automóveis dentro do presídio.
O pedido de pizza por telefone teria ocorrido há duas semanas. Segundo a investigação, quem entregou a encomenda foi um agente prisional.
Cumprem pena na cadeia de Concórdia 158 detentos. O Ministério Público afirma que duas testemunhas relataram as irregularidades em julho de 2008 e que a investigação dos promotores comprovou os problemas na prisão.

Afastamento
A Secretaria da Justiça de Santa Catarina, responsável pela administração dos presídios, diz que afastou imediatamente os envolvidos e que abriu uma investigação na corregedoria do órgão para apurar as denúncias.
O diretor afastado não foi localizado ontem. Em depoimento à Promotoria, ele disse que levou Córdova para ver o filho que estava internado.


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