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Diretor cai após levar preso para ver família
O Ministério Público apresentou denúncia contra o diretor da cadeia de Concórdia, no interior de Santa Catarina
Segundo a Promotoria, condenado por tráfico tinha outras regalias, como pedir comida em um disque-pizza e acesso a computador
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
O diretor de um presídio do
interior de Santa Catarina foi
denunciado pelo Ministério
Público do Estado sob a acusação de conceder regalias a detentos, como visitas a parentes
em outra cidade, acesso a equipamentos como computador,
TV e DVD e encomenda de comida em um disque-pizza.
Segundo a Promotoria, um
condenado por tráfico de drogas foi levado pelo diretor da
cadeia do município de Concórdia (488 km de Florianópolis), sem escolta, a outra cidade
para visitar parentes.
Ele deixou o detento dirigir o
carro oficial e até dormiu na casa da família do preso, segundo
a denúncia apresentada pelo
Ministério Público.
O diretor da cadeia de Concórdia, Anilton Mendes Lopes,
e um agente prisional foram
afastados anteontem.
Hóspede
Na ação civil, os promotores
dizem que o detento levado a
visitar familiares em outra cidade, Nelci Antônio Córdova,
era "tratado como se fosse um
hóspede do presídio, e não um
detento de periculosidade".
A denúncia relata que Córdova e outro detento também foram, com um agente prisional,
a uma loja de telefones, onde
teriam comprado um celular.
A Promotoria investiga ainda
se o condenado intermediava
benefícios entre outros detentos e a direção da cadeia.
Em dezembro, uma vistoria
realizada pela Polícia Militar e
por promotores na cadeia constatou que Córdova cumpria pena fora das celas, em dois cômodos dentro de um galpão
usado para trabalho de presos.
No local havia computador,
impressora, celular, geladeira,
televisão, DVD e home theater,
segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público.
"A gente apelidou de "reinado" do Nelci", afirma o promotor Daniel Taylor, um dos autores da ação.
Na memória do computador,
diz a Promotoria, havia documentos oficiais do presídio.
Córdova já foi transferido para
um presídio em Chapecó (SC).
O Ministério Público também
diz que um outro detento negociou a venda de um carro com
um comerciante de automóveis
dentro do presídio.
O pedido de pizza por telefone teria ocorrido há duas semanas. Segundo a investigação,
quem entregou a encomenda
foi um agente prisional.
Cumprem pena na cadeia de
Concórdia 158 detentos. O Ministério Público afirma que
duas testemunhas relataram as
irregularidades em julho de
2008 e que a investigação dos
promotores comprovou os problemas na prisão.
Afastamento
A Secretaria da Justiça de
Santa Catarina, responsável
pela administração dos presídios, diz que afastou imediatamente os envolvidos e que
abriu uma investigação na corregedoria do órgão para apurar
as denúncias.
O diretor afastado não foi localizado ontem. Em depoimento à Promotoria, ele disse que
levou Córdova para ver o filho
que estava internado.
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