São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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Escola leva malhação para educação física

Em colégios de SP, tradicionais futebol e vôlei são substituídos por musculação, spinning, step e outros esportes típicos de academia

Iniciativa adotada por escolas particulares tem como principal objetivo tornar a disciplina mais atraente para os alunos

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Na sala de ginástica, 15 meninas pulam freneticamente sobre pequenas camas elásticas. Mexem braços e pernas obedecendo aos comandos da professora e ao ritmo da música bate-estaca no último volume.
Na sala de musculação, em aparelhos que fortalecem as costas, dois adolescentes erguem os braços e puxam suas barras por trás da cabeça até a altura da nuca. Sobe e desce, sobe e desce. O professor lhes corrige a postura.
Os meninos não são marombeiros e as garotas não têm obsessão pelo corpo perfeito. Não se encontram numa academia comum de malhação. São estudantes em horário de aula. Estão na educação física.
Colégios particulares estão descobrindo que, se pretendem ter todos os alunos verdadeiramente interessados pelas atividades físicas, não podem oferecer apenas futebol (para eles) e vôlei (para elas). Devem dar opções, ir além dos esportes tradicionais. Alguns colégios chegaram a montar academias completas para o ensino médio.
"Nas outras escolas, eu era obrigado a jogar futebol", lembra Luan Ferreira, 16. "Mas jogo muito mal. Meu único gol foi contra. Para mim, a educação física era uma tortura."
Luan é estudante do 2º ano do ensino médio no colégio Módulo, na Lapa (zona oeste de São Paulo). No começo do ano, alunos e alunas escolhem que atividade querem fazer na educação física: esportes de quadra, judô, dança ou academia.
Na nova escola, Luan optou pela academia. Na primeira aula semanal, tem musculação; na segunda, condicionamento físico -pula na cama elástica do jump ou se equilibra sobre a bola gigante do pilates. "É gostoso. Me sinto bem", diz ele, livre do pesadelo do futebol.

Sem pegar pesado
No colégio Pio XII, no Morumbi (zona oeste), os alunos fazem circuito (mistura de agachamento, flexão de braço, abdominal, levantamento de barra, salto com corda etc., sendo dois ou três minutos para cada atividade) e step (exercício coreografado em que os alunos sobem e descem uma plataforma semelhante a um degrau).
Na educação física do colégio Nossa Senhora Aparecida, em Moema (zona sul), há momentos em que os meninos vão para a musculação e as meninas fazem spinning (aula de bike em que se simulam pedaladas em áreas planas e íngremes).
Entre as opções oferecidas pelo colégio Maria Imaculada, no Paraíso (zona sul), está o body pump (exercício que usa barra com peso para fortalecer pernas, braços, peito e costas).
Então os alunos agora saem do colégio musculosos? "Suados, sim. Musculosos, não", responde Marcelo Silveira de Almeida, coordenador de educação física do colégio Mackenzie, em Barueri (Grande São Paulo). A escola tem academia.
A preocupação é com a saúde, não com a estética. "Ao longo do ano, apresentamos várias atividades. Atletismo, futebol americano, dança, rúgbi, musculação... Os alunos certamente vão se interessar por alguma", explica o coordenador do Mackenzie. "Se pegarem gosto pela musculação, poderão buscar uma academia fora do colégio. A ideia é que adotem uma atividade física para o resto da vida."


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