São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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Justiça foi feita, mas Isabella não volta, diz mãe

Abatida e com olheiras profundas, Ana Oliveira disse que a saudade e o vazio provocados pela ausência da filha permanecem

Ela criticou a decisão da defesa de mantê-la isolada à espera de uma acareação com o casal Nardoni e diz que entrou em "estado de desespero"

DO "AGORA"
DA FOLHA ONLINE

Catorze horas após a condenação de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina Jatobá pela morte de Isabella, Ana Carolina Oliveira, mãe da menina, afirmou ontem à tarde estar satisfeita com a decisão da Justiça.
Ela disse ainda que entrou em "estado completo de desespero", ao ser mantida por quatro dias incomunicável a pedido da defesa de Alexandre e de Anna Jatobá, que queria uma acareação entre ela e o casal.
"A justiça foi feita, mas minha filha não vai voltar. O vazio ficou, a saudade vai ficar", desabafou Ana Oliveira, com a voz embargada, aos jornalistas que a aguardavam em frente ao prédio onde mora na Vila Maria (zona norte), às 14h40.
Com fortes olheiras e rosto abatido, ela disse ainda que os cinco dias de julgamento a fizeram reviver em "muito pouco tempo" a tragédia da morte da filha e os dois anos da espera pelo julgamento dos acusados de matá-la. "Acredito que agora posso retomar minha vida de novo, numa nova fase", afirmou, agradecendo também pelas flores e mensagens de apoio.
No primeiro dia de julgamento, na segunda-feira, a mãe de Isabella teve que depor na frente do casal Nardoni. Ela conta que não olhou para o rosto dos dois durante as duas horas e meia que depôs. "É muito difícil, cruel, triste estar frente a frente com a pessoa que, em vez de zelar pela integridade da minha filha, fez o que fez."

Reclusão
Após o depoimento, Ana foi obrigada a permanecer à disposição da Justiça no Fórum da Barra Funda (zona oeste). Ela ficou completamente isolada até quinta-feira, quando o juiz Maurício Fossen afirmou que um psiquiatra a avaliou e disse que ela estava à beira de uma crise aguda de estresse.
Na sexta, ela não acompanhou a decisão do júri, pois, segundo a família, não tinha condições psicológicas. "Sei que a lei permitia que se fizesse isso, mas acho que foi cruel ele [o advogado Roberto Podval] não ter permitido que eu pudesse acompanhar o julgamento da morte da minha filha", disse.
"Fiquei incomunicável no momento em que mais precisava do apoio da minha família, do abraço dos meus pais", disse. "Aquilo era quase uma prisão."


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