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OUTRO LADO
"Havia vários critérios para dados"
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Secretaria de Estado da Segurança Pública tenta, por meio de
sua assessoria de imprensa, explicar as diferenças de números desde o dia 15, quando a Folha a procurou pela primeira vez.
Primeiro, a secretaria confirmou que alguns dados estavam
equivocados e que a reportagem
estava correta. Depois, mudou o
discurso. Informou que até 2001
não havia um critério único para
obtenção de dados nas delegacias
seccionais em todo o Estado e, por
isso, os números obtidos pelo levantamento da Folha poderiam
divergir dos da secretaria.
Segundo o coordenador de comunicação, Carlos Alberto da Silva, até o ano passado existiam delegacias que enviavam o número
de vítimas e outras que mandavam o número de ocorrências.
Por isso, poderia haver a diferença. Essa foi a resposta oficial e final
da secretaria depois de quase duas
semanas de espera.
A Folha explicou ao órgão que
tinha os dois dados (números de
ocorrências e de vítimas) e que
usou o mesmo critério utilizado
pela secretaria para não haver erro. Apesar disso, o assessor de imprensa não mais respondeu aos
pedidos de entrevista nem permitiu que outras autoridades do Estado falassem sobre o assunto
com a reportagem.
Silva foi procurado pela primeira vez na manhã da segunda-feira,
15. Naquele contato, a reportagem
informou os dados com anos dos
homicídios, cidades e o número
de ocorrências registradas.
A reportagem destacou que, nas
cidades de Jambeiro e Bento de
Abreu, as ocorrências de homicídio doloso foram registradas como de outra natureza. Afirmou,
também, que a Delegacia Seccional de Franca alegava que o crime
de Aramina fazia parte das estatísticas de Igarapava.
No final daquele dia, o coordenador afirmou que havia recebido
as respostas dos DPs (Distritos
Policiais) e, em princípio, os números apresentados pela Folha
estavam corretos. Ele disse que
entraria em contato com a CAP
(Coordenadoria de Análise e Planejamento) para saber o motivo
da divergência.
Na tarde de terça, Silva afirmou
que a resposta oficial da secretaria
era que o número divulgado no
site era exatamente o informado
pelos delegados e, se houve erro,
ocorreu nos distritos.
Ainda na terça, no começo da
noite, o coordenador fez novo
contato com a reportagem e mudou a versão oficial. Disse que, na
maioria das cidades pesquisadas,
a informação do site da secretaria
conferia com a realidade. Ele confirmou que os dados obtidos pela
Folha em Cordeirópolis e Barão
de Antonina estavam certos.
Nesse contato, a reportagem informou que, em Ribeirão Preto, a
pesquisa foi feita nos próprios boletins e que a Folha possuía nomes das vítimas e o número dos
boletins de ocorrência, além da
informação do próprio delegado
seccional corroborando a diferença entre os dados.
Nas outras cidades, a Folha informou que os números foram
dados pelos delegados ou funcionários responsáveis pela emissão
de dados à secretaria.
Silva afirmou que iria verificar
novamente os números e daria
uma nova resposta. Na quinta-feira, a secretaria enviou um fax em
que não mais questionava o levantamento, mas afirmava que
poderia ter critérios diferentes.
"Até o ano 2000, existiam vários
critérios para a coleta de dados
criminais na Secretaria da Segurança Pública do Estado de São
Paulo. Os dados que estão divulgados no site desta secretaria, referentes aos anos de 1999 e 2000,
seguiam os critérios fixados em
1993, os quais eram compatibilizados com os critérios adotados
em 1995. Portanto, os dados levantados pela Folha podem ter sido obtidos sob critérios diferentes
aos adotados em 1993. Somente a
partir de 2001 passou-se a adotar
um critério único para o envio de
dados, com a criação do sistema
de coleta de estatísticas criminais", dizia o fax.
Desde o primeiro contato, na
segunda-feira, a reportagem solicitou uma entrevista com o secretário Saulo de Castro Abreu Filho
para repercutir o caso. Silva afirmou que "iria tentar".
A Folha também tentou contatos com o governador Geraldo
Alckmin (PSDB) e com o ex-secretário Marco Vinicio Petrelluzzi, mas não teve sucesso.
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