São Paulo, domingo, 28 de abril de 2002

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OUTRO LADO

"Havia vários critérios para dados"

DA FOLHA RIBEIRÃO

A Secretaria de Estado da Segurança Pública tenta, por meio de sua assessoria de imprensa, explicar as diferenças de números desde o dia 15, quando a Folha a procurou pela primeira vez.
Primeiro, a secretaria confirmou que alguns dados estavam equivocados e que a reportagem estava correta. Depois, mudou o discurso. Informou que até 2001 não havia um critério único para obtenção de dados nas delegacias seccionais em todo o Estado e, por isso, os números obtidos pelo levantamento da Folha poderiam divergir dos da secretaria.
Segundo o coordenador de comunicação, Carlos Alberto da Silva, até o ano passado existiam delegacias que enviavam o número de vítimas e outras que mandavam o número de ocorrências. Por isso, poderia haver a diferença. Essa foi a resposta oficial e final da secretaria depois de quase duas semanas de espera.
A Folha explicou ao órgão que tinha os dois dados (números de ocorrências e de vítimas) e que usou o mesmo critério utilizado pela secretaria para não haver erro. Apesar disso, o assessor de imprensa não mais respondeu aos pedidos de entrevista nem permitiu que outras autoridades do Estado falassem sobre o assunto com a reportagem.
Silva foi procurado pela primeira vez na manhã da segunda-feira, 15. Naquele contato, a reportagem informou os dados com anos dos homicídios, cidades e o número de ocorrências registradas.
A reportagem destacou que, nas cidades de Jambeiro e Bento de Abreu, as ocorrências de homicídio doloso foram registradas como de outra natureza. Afirmou, também, que a Delegacia Seccional de Franca alegava que o crime de Aramina fazia parte das estatísticas de Igarapava.
No final daquele dia, o coordenador afirmou que havia recebido as respostas dos DPs (Distritos Policiais) e, em princípio, os números apresentados pela Folha estavam corretos. Ele disse que entraria em contato com a CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) para saber o motivo da divergência.
Na tarde de terça, Silva afirmou que a resposta oficial da secretaria era que o número divulgado no site era exatamente o informado pelos delegados e, se houve erro, ocorreu nos distritos.
Ainda na terça, no começo da noite, o coordenador fez novo contato com a reportagem e mudou a versão oficial. Disse que, na maioria das cidades pesquisadas, a informação do site da secretaria conferia com a realidade. Ele confirmou que os dados obtidos pela Folha em Cordeirópolis e Barão de Antonina estavam certos.
Nesse contato, a reportagem informou que, em Ribeirão Preto, a pesquisa foi feita nos próprios boletins e que a Folha possuía nomes das vítimas e o número dos boletins de ocorrência, além da informação do próprio delegado seccional corroborando a diferença entre os dados.
Nas outras cidades, a Folha informou que os números foram dados pelos delegados ou funcionários responsáveis pela emissão de dados à secretaria.
Silva afirmou que iria verificar novamente os números e daria uma nova resposta. Na quinta-feira, a secretaria enviou um fax em que não mais questionava o levantamento, mas afirmava que poderia ter critérios diferentes.
"Até o ano 2000, existiam vários critérios para a coleta de dados criminais na Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Os dados que estão divulgados no site desta secretaria, referentes aos anos de 1999 e 2000, seguiam os critérios fixados em 1993, os quais eram compatibilizados com os critérios adotados em 1995. Portanto, os dados levantados pela Folha podem ter sido obtidos sob critérios diferentes aos adotados em 1993. Somente a partir de 2001 passou-se a adotar um critério único para o envio de dados, com a criação do sistema de coleta de estatísticas criminais", dizia o fax.
Desde o primeiro contato, na segunda-feira, a reportagem solicitou uma entrevista com o secretário Saulo de Castro Abreu Filho para repercutir o caso. Silva afirmou que "iria tentar".
A Folha também tentou contatos com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o ex-secretário Marco Vinicio Petrelluzzi, mas não teve sucesso.


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