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SAÚDE
Pesquisa nacional revela, no entanto, que, após receber atendimento, maioria se diz satisfeita
Para 42%, sigla SUS não é confiável
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 42% das pessoas que
utilizam os serviços da rede pública de saúde consideram que o
SUS é um sistema no qual não se
pode confiar. Uma vez atendidas,
no entanto, a maioria se diz satisfeita com os serviços. Entre aquelas que foram internadas ou tiveram familiar internado, por
exemplo, o índice de satisfação
"alta" e "muito alta" chega a 72%.
A principal queixa, no entanto,
é a fila de espera. Para 63,2% dos
que precisaram de consultas, exames ou internações nos últimos
dois anos, a demora é o principal
problema da rede pública.
Esses são alguns dos dados da
mais recente pesquisa nacional
sobre o SUS, o Sistema Único de
Saúde que integra as redes municipais, estaduais e da União, além
das instituições conveniadas. O
levantamento ouviu 3.200 pessoas em todo o país com idade
mínima de 16 anos e que responderam a 243 perguntas. A margem de erro da pesquisa é de dois
pontos percentuais.
"A Saúde na Opinião dos Brasileiros", como foi batizado o levantamento, é uma parceria entre o
Ministério da Saúde e o Conass
(Conselho Nacional de Secretários de Saúde) realizada ainda no
ano passado. Oficialmente, os resultados serão anunciados nesta
semana pelo ministro Humberto
Costa e o atual presidente do Conass, Gilson Cantarino.
A pesquisa mostra que apenas
35% dos entrevistados sabiam o
que significava a sigla SUS, embora a porcentagem subisse para
88,5% quando o usuário era informado de que se trata do serviço público de saúde. Essa desinformação seria a responsável pelo
descrédito da sigla, apesar da
aprovação aos serviços prestados.
Por conta do desgaste do serviço público, "o SUS é sempre relacionado ao que não funciona".
"Quando o atendimento é bom,
ele tem "pai'; foi o posto da prefeitura, o hospital do Estado. Quando é ruim, é o SUS", afirma Fernando Cupertino, secretário da
Saúde de Goiás e presidente do
Conass na gestão passada, quando a pesquisa foi encomendada.
Apesar de não relacionar a sigla
aos atendimentos, a grande maioria dos entrevistados (90,1%) informou ter utilizado ou ter algum
familiar que utilizou o SUS nos últimos dois anos. Entre esses,
28,6% se valeram exclusivamente
dos serviços públicos e 61,5% recorreram ao público e ao privado.
Apenas 8,7% só usam serviços
privados. Pela pesquisa, 25% dos
brasileiros têm planos de saúde.
Avaliação e perfil
Quando se fala dos serviços gerais do SUS, 47,7% disseram estar
"satisfeitos" ou "muito insatisfeitos", enquanto, na outra ponta,
19,5% estavam "muito insatisfeitos" e "insatisfeitos".
Como a proposta do Conass era
abastecer de informações os gestores de saúde, os resultados divulgados destacam o grau de satisfação pelo tipo de serviço, por
região e pelo perfil do usuário, explica Délcio Fonseca Sobrinho,
especialista em demografia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e
autor da síntese da pesquisa.
A melhor nota dada ao SUS (se
funciona bem e muito bem) vem
dos grupos de menor escolaridade, com 50,3% entre os analfabetos. Entre aqueles com curso superior, o índice cai para 30,7%.
Curiosamente, quando são separados os grupos que só usam o
SUS daqueles que só utilizam o
sistema privado, a pior avaliação
vem dos últimos. Apenas 30,3%
deles disseram que o SUS "funciona bem ou muito bem", enquanto
o índice sobe para 45,2% entre os
que só utilizam o sistema público.
O índice de insatisfação é maior
nas regiões Norte e Nordeste. E,
quando se compara a qualidade
dos serviços, os de maior complexidade são mais bem avaliados,
chegando a 80% entre os que passaram ou tiveram familiares que
passaram por cirurgias.
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