São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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AMBIENTE

A data acertada com Estado, 31 de outubro, é mantida

Justiça prorroga prazo para Nestlé paralisar exploração de poço em MG

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A multinacional Nestlé conseguiu uma vitória na disputa pela exploração de águas minerais em São Lourenço (387 km de Belo Horizonte). Uma liminar concedida pela 17ª Vara Federal em Brasília prorrogou o prazo dado à empresa para paralisar as atividades no poço Primavera, usado na produção da água Pure Life.
O fechamento do poço até 24 de abril havia sido determinado pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). A decisão do juiz Márcio Luiz Coelho de Freitas mantém o prazo de 31 de outubro, acertado com o Estado.
O órgão federal informou que recorrerá da decisão. "As decisões sobre a fonte Primavera estão nas mãos do Judiciário", disse o diretor-geral-adjunto do DNPM, João César Pinheiro.
A Pure Life é obtida por meio de um processo de purificação da água extraída, que é turva, pois contém ferro em excesso. Depois, são adicionados sais minerais. Como a legislação brasileira não prevê a desmineralização das águas minerais, o DNPM considerou o procedimento ilegal.
A água Pure Life é produzida desde 1999, quando o DNPM passou a análise do caso para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pelo fato de o produto ser comercializado como "água purificada adicionada de sais", e não água mineral. A Anvisa deu cobertura jurídica à Nestlé. A gestão atual do DNPM voltou a reivindicar competência no assunto.
Para ambientalistas e o Ministério Público do Estado, a extração comercial da água está reduzindo a vazão e a mineralização das outras fontes, o que a Nestlé nega. Desde 1992, ela é dona do Parque das Águas de São Lourenço.
Segundo o diretor de Assuntos Corporativos da Nestlé, Carlos Faccina, a decisão judicial leva em conta o acordo da empresa com o governo mineiro, que, segundo ele, contou com a participação de outros setores da sociedade, como a prefeitura e a Associação Mineira de Defesa do Ambiente.
Ele afirmou que o despacho do DNPM que determinava a paralisação do poço "colocava em risco 130 empregos diretos e 900 indiretos", já que o gás da fonte é usado também na gaseificação da água mineral São Lourenço, outro produto da Nestlé. Faccina disse que a empresa transferirá a produção da Pure Life até outubro.


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