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RIO
Defesa Civil pede que devolução seja acertada pelo 193
Fonte de radioatividade é furtada durante saque a fábrica de lingerie
ALESSANDRO FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Moradores do complexo de favelas do Alemão (zona norte do
Rio) saquearam ontem, pelo sexto dia consecutivo, as instalações
da fábrica de lingerie Poesi, em
Ramos (também na zona norte).
Até mesmo uma fonte emissora
de radioatividade foi levada.
A fonte, parte de um equipamento usado para medir a espessura de tecidos, é de baixa periculosidade, de acordo com o físico
Raul dos Santos, técnico da
CNEN (Comissão Nacional de
Energia Nuclear) chamado ao local pela Defesa Civil.
Segundo ele, seriam necessárias
65 mil fontes iguais para emitir radiação igual à do acidente com o
césio-137 em Goiânia, em 1987,
que causou a morte de 11 pessoas.
"Não queremos causar nenhum
alarde, mas aconselhamos quem
levou a peça a entrar em contato
conosco pelo telefone 193. Iremos
ao local para remover a peça com
segurança", disse o secretário estadual de Defesa Civil, Carlos Alberto de Carvalho.
Segundo a física da CNEN Maria Helena Marechal, todo equipamento emissor de radioatividade deve ser cadastrado no órgão.
Como não havia conhecimento
de que a Poesi possuísse o aparelho, um inquérito deverá ser instaurado pela polícia para apurar a
responsabilidade pela operação
ilegal do equipamento.
Um depósito que continha produtos químicos usados no tratamento de tecidos, como soda
cáustica, teve a porta arrombada.
Segundo a polícia, aparentemente
nada foi levado do local.
Ontem à tarde, homens, mulheres e crianças carregaram esquadrias, pedaços de ferro e rolos de
linha retirados da fábrica -até
charretes foram utilizadas. O desempregado João da Conceição,
38, espera conseguir R$ 30 com a
venda do ferro tirado do imóvel.
Um carro da Polícia Militar estava no local, mas os quatro policiais não impediam o saque.
Segundo o comandante do 16º
Batalhão de PM (Olaria, zona
norte), coronel Celso Nogueira, a
PM está patrulhando o local desde a semana passada. Ele disse
que o problema dos saques está ligado à vulnerabilidade do terreno, cujos fundos dão para a favela
da Grota. "Já avisei aos administradores sobre a necessidade de
murar os fundos da fábrica." Parte do imóvel foi destruída em um
incêndio na quinta passada.
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