São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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RIO

Defesa Civil pede que devolução seja acertada pelo 193

Fonte de radioatividade é furtada durante saque a fábrica de lingerie

ALESSANDRO FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Moradores do complexo de favelas do Alemão (zona norte do Rio) saquearam ontem, pelo sexto dia consecutivo, as instalações da fábrica de lingerie Poesi, em Ramos (também na zona norte). Até mesmo uma fonte emissora de radioatividade foi levada.
A fonte, parte de um equipamento usado para medir a espessura de tecidos, é de baixa periculosidade, de acordo com o físico Raul dos Santos, técnico da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) chamado ao local pela Defesa Civil.
Segundo ele, seriam necessárias 65 mil fontes iguais para emitir radiação igual à do acidente com o césio-137 em Goiânia, em 1987, que causou a morte de 11 pessoas.
"Não queremos causar nenhum alarde, mas aconselhamos quem levou a peça a entrar em contato conosco pelo telefone 193. Iremos ao local para remover a peça com segurança", disse o secretário estadual de Defesa Civil, Carlos Alberto de Carvalho.
Segundo a física da CNEN Maria Helena Marechal, todo equipamento emissor de radioatividade deve ser cadastrado no órgão. Como não havia conhecimento de que a Poesi possuísse o aparelho, um inquérito deverá ser instaurado pela polícia para apurar a responsabilidade pela operação ilegal do equipamento.
Um depósito que continha produtos químicos usados no tratamento de tecidos, como soda cáustica, teve a porta arrombada. Segundo a polícia, aparentemente nada foi levado do local.
Ontem à tarde, homens, mulheres e crianças carregaram esquadrias, pedaços de ferro e rolos de linha retirados da fábrica -até charretes foram utilizadas. O desempregado João da Conceição, 38, espera conseguir R$ 30 com a venda do ferro tirado do imóvel.
Um carro da Polícia Militar estava no local, mas os quatro policiais não impediam o saque.
Segundo o comandante do 16º Batalhão de PM (Olaria, zona norte), coronel Celso Nogueira, a PM está patrulhando o local desde a semana passada. Ele disse que o problema dos saques está ligado à vulnerabilidade do terreno, cujos fundos dão para a favela da Grota. "Já avisei aos administradores sobre a necessidade de murar os fundos da fábrica." Parte do imóvel foi destruída em um incêndio na quinta passada.


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