São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2005

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TRÂNSITO

CET decidiu fazer nova licitação; remoções caíram de 1.733 em agosto para 71 em março deste ano

Serviço de guincho para carro em local proibido só volta em outubro

ALENCAR IZIDORO
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A remoção dos veículos que estacionam em lugar proibido, atrapalhando a fluidez ou bloqueando a entrada de garagens, continuará sendo realizada de forma precária e improvisada na cidade de São Paulo, no mínimo, até outubro deste ano.
Isso porque a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) decidiu postergar a normalização dos serviços de guincho na cidade.
Depois de três meses de análise, a gestão José Serra (PSDB) resolveu encerrar a contratação da empresa que prestava os serviços e organizar uma nova licitação.
Os guinchamentos feitos pela Marthas Serviços Gerais tinham sido suspensos por 90 dias no final da gestão Marta Suplicy, em meio aos cortes da petista para atender a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), e deveriam ter voltado em fevereiro deste ano.
A CET, entretanto, prorrogou a suspensão por 30 dias e, em seguida, dispensou a empresa em caráter definitivo, sob a justificativa de que não concorda com algumas características desse contrato.
A Marthas disponibilizava 35 guinchos, que fizeram 1.733 remoções só em agosto de 2004.
Desde novembro, a CET passou a improvisar sua própria frota de dez guinchos, responsável também por outras atividades, como socorrer veículos quebrados ou acidentados nas vias. Resultado: os guinchamentos por estacionamento irregular foram reduzidos de forma drástica, limitando-se a 35 em dezembro, 43 em janeiro, 30 em fevereiro e 71 em março.
O diretor de operações da CET, Adauto Martinez, admite a importância do serviço e reconhece que, sem a contratação terceirizada, a empresa só tem condições de atender os casos graves.
"Vamos usar os nossos preferencialmente em problemas operacionais. Para estacionamento irregular, somente nas situações mais urgentes", afirma Martinez.
Ele nega que a CET tenha tomado a decisão por motivo financeiro -os contratos firmados em 2002 diziam que a Marthas receberia R$ 194 por carro guinchado.
Martinez afirma que a companhia optou por uma nova concorrência até mesmo para ampliar os serviços, para que sejam feitos sete dias por semana, 24 horas por dia. No contrato da Marthas, eles eram feitos de segunda a sexta -nos finais de semana, a responsabilidade era da própria CET.
Ele diz ainda que, diferentemente das regras que estavam vigentes, a gestão tucana não quer incluir nos serviços a disponibilização de pátios pela empresa contratada, já que há terrenos municipais para abrigar os veículos guinchados nas vias públicas.
O diretor de operações da CET afirma que pretende lançar a licitação até junho e que, se não houver nenhum tipo de contestação ao processo, será possível fazer uma contratação após 120 dias.

Placas não resolvem
Ontem, na rua Tinhorão, em Higienópolis, uma casa chamava atenção. Além da guia pintada de amarelo, três placas avisavam que era proibido estacionar no local. "Não estacione na guia rebaixada. Sujeito a guincho", "É proibido estacionar", "Garagem, dia e noite". No entanto, segundo a dona da casa, a artista plástica Verônica Jamkojian, 47, os avisos não afastam os maus motoristas.
"Já tive que desmarcar reunião de trabalho porque não consegui tirar meu carro da garagem." Ela conta que, na época em que os guinchos ainda estavam em atividade, três carros foram retirados da frente de sua garagem.
Já a professora Regina Bielovic, 39, moradora da rua Armando Penteado, no Pacaembu, não agüentou esperar os guinchos que nunca atendiam seus chamados. "Cheguei em casa e havia um carro na porta da garagem. Buzinei, gritei e ninguém apareceu. Chamei quatro homens, eles levantaram o carro e o deixaram no meio da rua. A dona ficou louca."


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