São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CERCO À SUJEIRA

Projeto piloto começa na rua Cardeal Arcoverde; família de acusado irá ressarcir gastos com limpeza

Ação antipichação terá início em Pinheiros

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir do próximo dia 10, 14 quarteirões da rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), se transformarão no mais novo palco da disputa entre o poder público e os pichadores da cidade. Ali será implementado o projeto piloto da prefeitura de combate à pichação. A medida prevê fiscalização policial, encaminhamento dos pichadores a delegacias e o ressarcimento, por parte da família do acusado, da quantia gasta na limpeza.
Segundo o subprefeito de Pinheiros, Antônio Marsiglia Netto, a Cardeal Arcoverde foi escolhida por ser uma das "portas de entrada" da região. O trecho escolhido fica entre a avenida Dr. Arnaldo e a rua Fradique Coutinho. A meta é levar o programa às ruas transversais à medida que os pichadores forem desistindo de pichar a Cardeal Arcoverde.
A administração municipal, já a partir dessa data, irá pintar as pichações. A pintura total do imóvel, porém, ficará por conta do proprietário. Segundo Marsiglia Netto, os proprietários já sinalizaram que vão apoiar a proposta.
Para desestimular a prática, o projeto se apóia em duas abordagens. A primeira é limpar o local insistentemente. "Quando ele voltar para pichar novamente, morderá a isca", afirma o subprefeito, referindo-se à segunda abordagem: a repressão policial.
Pelo menos quatro carros da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar farão uma ronda em busca de pichadores na Cardeal Arcoverde. Flagrados, eles serão levados à delegacia e as famílias serão chamadas. "Queremos que os pais saibam o que seus filhos fazem à noite."
Uma equipe de 20 pintores se encarregará da limpeza dos muros. Inicialmente, o projeto está orçado em R$ 200 mil por mês. "Até julho poderemos ver uma mudança", prevê o subprefeito.
Pela lei, a pena para quem for flagrado pichando ou grafitando uma edificação ou monumento pode chegar a um ano de detenção, além de multa.
O programa se espelha numa ação antipichação realizada em São José dos Campos desde 2002. Lá, cerca de 600 adolescentes foram pegos em flagrante pichando, dos quais quase 200 já cumpriram uma pena socioeducativa.
A proposta já recebeu críticas de especialistas que a consideram autoritária e repressora.
"Não vamos mandar os jovens para a Febem", responde o subprefeito, acrescentando que estão sendo feitas parcerias com ONGs para que os pichadores passem a desenvolver algum trabalho ligado às artes. "Mas não vamos tolerar a pichação na cidade."


Texto Anterior: Há 50 anos: TRE decide manter data das eleições
Próximo Texto: Estradas: Alckmin projeta obras para período eleitoral
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.