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ESTRADAS
Das dez maiores obras, nove serão entregues seis meses antes da sucessão presidencial; valor total atinge R$ 846,8 milhões
Alckmin projeta obras para período eleitoral
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou
ontem um pacote de obras do
programa de concessões de rodovias cujos principais investimentos pretende concluir às vésperas
das eleições do ano que vem.
Entre eles está a duplicação da
Raposo Tavares entre Cotia e Vargem Grande Paulista, a cargo da
Viaoeste e que se tornou emblemática devido ao seu atraso -deveria ter sido concluída em 2002,
prazo postergado para 2004 e, em
seguida, para agosto de 2006.
A maioria das intervenções do
pacote divulgado por Alckmin,
cotado como candidato à Presidência da República pelo PSDB, já
era prevista nos contratos e só teve sua divulgação reciclada. O valor global atinge R$ 846,8 milhões.
Além da Raposo Tavares -onde ainda faltará a duplicação até
Sorocaba-, outra obra de impacto é a quarta faixa da rodovia
dos Bandeirantes, entre São Paulo
e Jundiaí, que deverá ficar pronta
um mês antes das eleições.
Segundo a Artesp (agência que
regula as concessões), a data de
realização dessa obra, a cargo da
AutoBAn e estimada em R$ 55,7
milhões, não era prevista no contrato firmado em 1998, pelo qual
ela seria feita quando os níveis de
lentidão na estrada ultrapassassem um patamar adequado.
Entre os maiores gastos estarão
também a duplicação da rodovia
SP-225, entre Brotas e Jaú, com
custo de R$ 37,1 milhões, e a da
SP-340, entre Casa Branca e Mococa, de R$ 50,8 milhões, com términos previstos para junho e abril
de 2006, respectivamente.
Das dez maiores obras, nove serão entregues nos seis meses que
antecedem as eleições -sete a
partir de junho. O governo nega
influências eleitorais e diz que há
inaugurações todo ano.
A Folha solicitou ontem à Artesp os prazos contratuais originais das principais obras anunciadas para saber se houve outros
atrasos -além da duplicação da
Raposo-, mas a agência informou que não era possível levantar
as informações no mesmo dia.
Alckmin exaltou as obras, mas
não quis se comprometer com
uma de suas promessas de campanha de 2002, quando afirmou
que pretendia fechar "algumas"
praças de pedágio -principal alvo de críticas ao programa de
concessões, que elevou a quantidade de postos de 29 para 77.
Na época, a Artesp estudava a
extinção de até metade dos 30 pedágios de pista simples. No começo de 2003, Alckmin retirou só
um, na região de São João da Boa
Vista. "O prefeito veio reclamar e
ficou bravo", afirmou ontem, em
referência ao fato de os municípios receberem 5% da arrecadação das tarifas, em razão do ISS.
Questionado sobre a possibilidade de ainda cumprir a promessa feita em 2002, Alckmin se limitou a dizer que a Artesp tem autonomia para as análises e que
"quem fez toda a campanha contra pedágio e perdeu a eleição não
fui eu" -numa referência indireta a Genoíno (PT) e Maluf (PPB).
"A pista simples já tem um valor
de pedágio mais baixo. Para retirar, teria que abandonar outras
melhorias, como acostamento,
terceira faixa. Não tem sentido",
afirmou Ulysses Carraro, diretor-geral da agência reguladora.
Reajuste em julho
O governador tucano disse que
pode haver renegociação de tarifa
nos próximos anos, mas descartou a possibilidade de não haver
reajuste dos pedágios pelo IGP-M
em julho próximo, conforme estabelecem os contratos. Projeção
da Artesp obtida pela Folha indicou que a alta deve beirar 8%.
O pacote de obras divulgado
abrange 247 km de duplicações,
128 km de acostamentos, 74 km
de trevos/acessos, 75 km de faixas
adicionais, 46 km de marginais,
sete passarelas e nove pontes.
O valor equivale a 15% dos R$
5,6 bilhões de investimentos das
concessionárias já feitos no programa até hoje. Os gastos totais
em obras, em 20 anos, devem se
aproximar de R$ 12 bilhões.
Segundo Carraro, um dos trevos anunciados, no km 62 da
Anhangüera, não era previsto no
contrato de concessão, mas acabou repassado à AutoBAn.
O governo tucano excluiu da divulgação de ontem a construção
da terceira faixa da rodovia Padre
Manoel da Nóbrega, que deve desafogar a circulação no litoral sul,
na ligação com Praia Grande, tendo 18 km em cada sentido.
Segundo a Artesp, a obra não foi
incluída no anúncio porque não
ficará pronta até a saída de Alckmin. A Ecovias diz que ela começará em janeiro de 2006 e deve ser
concluída até 2009.
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