São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2005

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ESTRADAS

Das dez maiores obras, nove serão entregues seis meses antes da sucessão presidencial; valor total atinge R$ 846,8 milhões

Alckmin projeta obras para período eleitoral

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem um pacote de obras do programa de concessões de rodovias cujos principais investimentos pretende concluir às vésperas das eleições do ano que vem.
Entre eles está a duplicação da Raposo Tavares entre Cotia e Vargem Grande Paulista, a cargo da Viaoeste e que se tornou emblemática devido ao seu atraso -deveria ter sido concluída em 2002, prazo postergado para 2004 e, em seguida, para agosto de 2006.
A maioria das intervenções do pacote divulgado por Alckmin, cotado como candidato à Presidência da República pelo PSDB, já era prevista nos contratos e só teve sua divulgação reciclada. O valor global atinge R$ 846,8 milhões.
Além da Raposo Tavares -onde ainda faltará a duplicação até Sorocaba-, outra obra de impacto é a quarta faixa da rodovia dos Bandeirantes, entre São Paulo e Jundiaí, que deverá ficar pronta um mês antes das eleições.
Segundo a Artesp (agência que regula as concessões), a data de realização dessa obra, a cargo da AutoBAn e estimada em R$ 55,7 milhões, não era prevista no contrato firmado em 1998, pelo qual ela seria feita quando os níveis de lentidão na estrada ultrapassassem um patamar adequado.
Entre os maiores gastos estarão também a duplicação da rodovia SP-225, entre Brotas e Jaú, com custo de R$ 37,1 milhões, e a da SP-340, entre Casa Branca e Mococa, de R$ 50,8 milhões, com términos previstos para junho e abril de 2006, respectivamente.
Das dez maiores obras, nove serão entregues nos seis meses que antecedem as eleições -sete a partir de junho. O governo nega influências eleitorais e diz que há inaugurações todo ano.
A Folha solicitou ontem à Artesp os prazos contratuais originais das principais obras anunciadas para saber se houve outros atrasos -além da duplicação da Raposo-, mas a agência informou que não era possível levantar as informações no mesmo dia.
Alckmin exaltou as obras, mas não quis se comprometer com uma de suas promessas de campanha de 2002, quando afirmou que pretendia fechar "algumas" praças de pedágio -principal alvo de críticas ao programa de concessões, que elevou a quantidade de postos de 29 para 77.
Na época, a Artesp estudava a extinção de até metade dos 30 pedágios de pista simples. No começo de 2003, Alckmin retirou só um, na região de São João da Boa Vista. "O prefeito veio reclamar e ficou bravo", afirmou ontem, em referência ao fato de os municípios receberem 5% da arrecadação das tarifas, em razão do ISS.
Questionado sobre a possibilidade de ainda cumprir a promessa feita em 2002, Alckmin se limitou a dizer que a Artesp tem autonomia para as análises e que "quem fez toda a campanha contra pedágio e perdeu a eleição não fui eu" -numa referência indireta a Genoíno (PT) e Maluf (PPB).
"A pista simples já tem um valor de pedágio mais baixo. Para retirar, teria que abandonar outras melhorias, como acostamento, terceira faixa. Não tem sentido", afirmou Ulysses Carraro, diretor-geral da agência reguladora.

Reajuste em julho
O governador tucano disse que pode haver renegociação de tarifa nos próximos anos, mas descartou a possibilidade de não haver reajuste dos pedágios pelo IGP-M em julho próximo, conforme estabelecem os contratos. Projeção da Artesp obtida pela Folha indicou que a alta deve beirar 8%.
O pacote de obras divulgado abrange 247 km de duplicações, 128 km de acostamentos, 74 km de trevos/acessos, 75 km de faixas adicionais, 46 km de marginais, sete passarelas e nove pontes.
O valor equivale a 15% dos R$ 5,6 bilhões de investimentos das concessionárias já feitos no programa até hoje. Os gastos totais em obras, em 20 anos, devem se aproximar de R$ 12 bilhões.
Segundo Carraro, um dos trevos anunciados, no km 62 da Anhangüera, não era previsto no contrato de concessão, mas acabou repassado à AutoBAn.
O governo tucano excluiu da divulgação de ontem a construção da terceira faixa da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, que deve desafogar a circulação no litoral sul, na ligação com Praia Grande, tendo 18 km em cada sentido.
Segundo a Artesp, a obra não foi incluída no anúncio porque não ficará pronta até a saída de Alckmin. A Ecovias diz que ela começará em janeiro de 2006 e deve ser concluída até 2009.


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