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AMBIENTE
Trabalho de contenção fracassou e cerca de 60 mil litros de diesel já poluíram última área preservada da região no Rio
Óleo atinge reserva da baía de Guanabara
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
Última região preservada da
baía de Guanabara, a APA (Área
de Proteção Ambiental) de Guapimirim foi atingida ontem por
milhares de litros de óleo diesel
despejados no rio Caceribu após o
descarrilhamento de um trem de
carga na altura de Porto das Caixas, em Itaboraí (45 km do Rio).
O tombamento de sete vagões
do trem ocorreu no final da madrugada de anteontem, quando
60 mil litros de óleo atingiram o
Caceribu, um dos rios mais bem
conservados entre os que desembocam na baía de Guanabara.
O local foi atingido porque fracassou o trabalho de contenção
do óleo, feito por órgãos ambientais do Estado e pela FCA, empresa ferroviária responsável pela linha. Segundo a Feema (Fundação
Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente), o acidente causou um
desastre ecológico na região.
Técnicos da fundação não descartam a possibilidade de ocorrer
uma mortandade de peixes. Manguezais já foram atingidos.
A APA de Guapimirim tem a
maior área contínua de manguezais do Estado do Rio. O óleo também chegou à baía de Guanabara
no início da tarde de ontem.
O Estado já aplicou duas multas
à FCA (Ferrovia Centro-Atlântica). A Comissão Estadual de Controle Ambiental estipulou em R$
4 milhões o valor da multa pelo
derramamento do óleo. A Superintendência Estadual de Rios e
Lagoas multou a FCA em R$ 1 milhão, porque um manancial foi
atingido. Hoje, a Feema deverá divulgar um relatório dos danos
provocados à fauna e à flora.
Funcionários da Feema, da Defesa Civil Estadual e da Secretaria
de Meio Ambiente de Itaboraí
atuaram ontem na tentativa de
contenção do óleo.
O chefe da APA, Breno Herrera,
disse ontem que os técnicos estão
tendo muito trabalho pra conter a
mancha de óleo diesel. Ele criticou a qualidade e a quantidade do
material de contenção cedido pela
FCA para a limpeza. "Deveria haver aqui mais barreiras. Estamos
com o risco de rios paralelos ao
Caceribu serem atingidos."
As equipes conseguiram ontem
retirar parte do combustível que
não vazou dos vagões. O trabalho
é considerado de risco. Existe a
possibilidade de os vagões se
romperem, provocando o derramamento de mais óleo.
O carregamento de 420 mil litros tinha saído da Reduc (Refinaria Duque de Caxias) e seria levado para Campos, no norte fluminense. A FCA demorou mais de
quatro horas para avisar as autoridades sobre o acidente. O óleo
escorreu por valas e ficou bem
próximo às casas. Moradores passaram mal e foram atendidos na
ambulância levada pela empresa.
A FCA transferiu 21 moradores
para um hotel em Itaboraí. ""Estamos praticamente abandonados
pela empresa em um hotel de péssima qualidade. Nos deixaram
por mais de sete horas sentindo
aquele cheiro tóxico", disse Maria
Aparecida Silva e Castro, 41, que
mora em frente à linha do trem.
Outro lado
Em nota, a FCA negou que moradores estejam sendo tratados
com descaso. "Os órgãos competentes" avaliaram que não é preciso remover as famílias, diz a empresa, que afirma tentar localizar
pessoas que tenham passado mal.
Diz ainda que deslocou cem homens para ajudar na contenção.
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