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DESARMAMENTO
Pesquisa ouviu 1.624 pessoas entre os dias 6 e 7 deste mês
83% são contra venda de armas, diz Datafolha
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos paulistanos
(83%) é contra a venda de arma
de fogo a civis: apenas 14% se declaram a favor dessa medida, segundo pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 6 e 7 de abril.
O levantamento ouviu 1.624
pessoas. Desse total, 6% declaram
ter arma de fogo em casa: 3% dizem que a arma pertence a si próprio e igual percentual relata que
a arma é de outra pessoa da casa.
A margem de erro da pesquisa é
de dois pontos percentuais para
mais ou para menos.
O maior índice favorável à venda de armamento a civis foi encontrado entre os que declararam
ter arma de fogo em casa: 28%, o
dobro do percentual verificado
entre o total de entrevistados.
Quando se trata do próprio entrevistado que possui arma, 49%
deles são contra e 41% a favor da
venda. Entre aqueles que dizem
que o proprietário da arma é outra pessoa da casa, o índice de
aceitação é menor: 81% são contra e 17% a favor.
A posição favorável à venda de
armas de fogo a civis é um pouco
maior entre os homens (19% contra 9% das mulheres), entre os
paulistanos com idade entre 16 e
25 anos (17%) e entre os que têm
renda familiar mensal entre cinco
e dez salários mínimos (17%).
Curiosamente, esse perfil também é relacionado aos protagonistas da violência em São Paulo.
"Os homens jovens, que não têm
história criminal, são os que mais
matam e os que mais morrem",
lembra José Roberto Bellintani,
superintendente do Instituto São
Paulo Contra a Violência.
Referendo para saber se a população concorda com a proibição da venda de arma de fogo e
munição em todo o país está prevista pelo Estatuto do Desarmamento. O projeto que estabelece a
realização de plebiscito sobre a
comercialização foi enviado na
sexta-feira para a Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara.
Desejo
A pesquisa Datafolha também
mostra que um quinto dos paulistanos que declara não ter arma
de fogo em casa já pensou em
comprar uma. Os homens estão
entre os que mais pensaram em
adquirir uma arma (30% contra
11% das mulheres).
Segundo Bellintani, do Instituto
São Paulo Contra a Violência, os
dados da pesquisa reforçam o
que outras avaliações já demonstraram: a sensação de insegurança dos paulistanos está aumentando, embora os números da
violência demonstrem uma tendência de queda. Em 2004, o número de homicídios na capital de
São Paulo caiu 21% em relação a
2003, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública.
"Mas essa queda não é sentida
pela população. As pessoas não se
sentem protegidas pela polícia."
Além do desejo de ter uma arma de fogo, o crescente número
de blindagem de carros e de eletrificação das casas é uma outra
situação que endossaria a tese de
aumento da sensação de insegurança, na opinião de Bellintani.
Karina Sposato, diretora-executiva do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e
Tratamento do Delinqüente),
concorda que a sensação de insegurança seja generalizada mas lamenta que, nessa situação, as pessoas se voltem para o individual, e
não para o coletivo.
"O primeiro mecanismo é proteger a si próprio. Não sabem que
isso implica riscos à integridade
porque não terão a destreza de
um policial ou de um criminoso
no manejo da arma", afirma.
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