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Procuradora é suspeita de agredir filha no Rio
Gravação entregue pelo Conselho Tutelar à polícia mostra ofensas à criança, de dois anos, que foi recolhida com ferimentos
Polícia aguarda laudo do exame de corpo de delito da menina adotada para decidir se haverá indiciamento por suposta prática de tortura
DIANA BRITO
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Com marcas de espancamento, uma menina de dois
anos foi hospitalizada por três
dias neste mês. A suspeita das
agressões, de acordo com a policia, é a mulher que a adotou
em 14 de março, a procuradora
estadual aposentada Vera Lúcia de Santana Gomes, 57.
Em gravação de áudio entregue à polícia pelo Conselho Tutelar da zona sul, uma mulher
ofende uma criança, que chora
após se ouvir barulho semelhante ao de uma bofetada.
Na gravação, reproduzida no
"Jornal da Globo", anteontem,
e "RJ-TV" (Rede Globo), ontem, a mulher obriga a criança a
comer e a xinga de "maluca",
"vaquinha" e "sua cachorra".
A Vara da Infância e da Juventude esteve no dia 15 no
apartamento da procuradora,
em Ipanema, e teria constatado
que a menina dividia o mesmo
espaço com um cão.
Com o rosto ferido e inchado,
a criança foi recolhida e levada
para o hospital, onde ficou até o
dia 18. Os médicos constataram
a existência de hematomas na
cabeça, especialmente na face,
segundo informações que
constam na ação que corre no
juizado de menores.
Hoje, a menina está sob a
guarda do Conselho Tutelar e
faz tratamento psicológico para superar o trauma e ser novamente adotada. Ela havia sido
abandonada pela família em
um abrigo antes do início do
processo de adoção.
A delegada Monique Vidal,
da 13ª Delegacia de Polícia, em
Copacabana (zona sul), aguarda o laudo do exame de corpo
de delito feito na menina para
decidir se a mãe poderá ser indiciada sob suspeita de prática
de tortura.
"Dependendo do laudo, o caso poderá passar de maus-tratos a tortura. As fotos que vi,
entregues pelo Conselho Tutelar, mostram a menina machucada. Esse é um caso muito delicado, que deve ser investigado
com muito cuidado", afirmou.
A procuradora perdeu a
guarda da menina. A juíza da
Infância e da Juventude, Ivone
Caetano, diz que ela não poderá
tentar novas adoções, pois "já
mostrou o perfil dela".
Duas ex-empregadas da procuradora, que não se identificaram, disseram à Rede Globo
que presenciaram muitos espancamentos contra a menina
e que nada faziam por temer represálias da patroa.
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