São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2010

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Procuradora é suspeita de agredir filha no Rio

Gravação entregue pelo Conselho Tutelar à polícia mostra ofensas à criança, de dois anos, que foi recolhida com ferimentos

Polícia aguarda laudo do exame de corpo de delito da menina adotada para decidir se haverá indiciamento por suposta prática de tortura

DIANA BRITO
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

Com marcas de espancamento, uma menina de dois anos foi hospitalizada por três dias neste mês. A suspeita das agressões, de acordo com a policia, é a mulher que a adotou em 14 de março, a procuradora estadual aposentada Vera Lúcia de Santana Gomes, 57.
Em gravação de áudio entregue à polícia pelo Conselho Tutelar da zona sul, uma mulher ofende uma criança, que chora após se ouvir barulho semelhante ao de uma bofetada.
Na gravação, reproduzida no "Jornal da Globo", anteontem, e "RJ-TV" (Rede Globo), ontem, a mulher obriga a criança a comer e a xinga de "maluca", "vaquinha" e "sua cachorra".
A Vara da Infância e da Juventude esteve no dia 15 no apartamento da procuradora, em Ipanema, e teria constatado que a menina dividia o mesmo espaço com um cão.
Com o rosto ferido e inchado, a criança foi recolhida e levada para o hospital, onde ficou até o dia 18. Os médicos constataram a existência de hematomas na cabeça, especialmente na face, segundo informações que constam na ação que corre no juizado de menores.
Hoje, a menina está sob a guarda do Conselho Tutelar e faz tratamento psicológico para superar o trauma e ser novamente adotada. Ela havia sido abandonada pela família em um abrigo antes do início do processo de adoção.
A delegada Monique Vidal, da 13ª Delegacia de Polícia, em Copacabana (zona sul), aguarda o laudo do exame de corpo de delito feito na menina para decidir se a mãe poderá ser indiciada sob suspeita de prática de tortura.
"Dependendo do laudo, o caso poderá passar de maus-tratos a tortura. As fotos que vi, entregues pelo Conselho Tutelar, mostram a menina machucada. Esse é um caso muito delicado, que deve ser investigado com muito cuidado", afirmou.
A procuradora perdeu a guarda da menina. A juíza da Infância e da Juventude, Ivone Caetano, diz que ela não poderá tentar novas adoções, pois "já mostrou o perfil dela".
Duas ex-empregadas da procuradora, que não se identificaram, disseram à Rede Globo que presenciaram muitos espancamentos contra a menina e que nada faziam por temer represálias da patroa.


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