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SAÚDE
Até agora, quatro morreram; sintomas são de gripe ou virose e há falência pulmonar; há corrida aos prontos-socorros
Doença misteriosa mata mais um no DF
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal anunciou ontem a
quarta morte devido a uma doença ainda não identificada. A divulgação da doença tem levado "inúmeras pessoas" aos prontos-socorros da região, segundo o governo. As pessoas têm procurado
os agentes de saúde mesmo sem
nenhum sintoma.
Das quatro pessoas que morreram desde o último sábado, três
delas vieram da cidade-satélite de
São Sebastião e uma de Paranoá.
Tinham entre 16 e 24 anos.
"A quantidade de pessoas que
foram para o pronto-socorro, de
domingo para cá, é imensa. Desses pacientes, 15 foram colocados
em observação. Desse grupo, um
morreu, e três ainda estão em observação. Dois estão bem, e um
está precisando de cuidado mais
intenso [ontem estava na UTI]",
afirmou o secretário de Saúde do
DF, Arnaldo Bernardino.
Em todos os casos que deram
em morte, os sintomas iniciais foram o de uma virose ou gripe forte: dor de cabeça, febre, dores no
corpo, vômito, diarréia e dificuldade respiratória. O quadro evoluiu para uma falência pulmonar.
A Folha entrevistou uma funcionária da Unidade de Saúde
Mista de São Sebastião. Ela, que
pediu para não ser identificada,
afirmou que as pessoas da cidade,
em pânico, têm procurado o posto de saúde. No entanto, a maioria
dos casos não passa de sintomas
simples. A Secretaria de Saúde está centralizando as informações e
não permite que outros órgãos
distritais falem sobre o caso.
"Temos que acalmar essa população", afirmou Bernardino. Para
isso, segundo ele, a secretaria já
enviou para São Sebastião duas
ambulâncias, 17 equipes médicas
com 75 profissionais de saúde,
que estão de plantão nas escolas.
Triplicou o número de agentes de
saúde na região. Eram 30 pessoas,
e foram encaminhadas mais 60.
Os agentes de saúde têm coletado informações sobre os hábitos
dos mortos e colhido amostras de
água, mosquitos e ratos, que vão
para a análise.
São Sebastião possui cerca de 70
mil habitantes. A região urbana se
mistura com a rural, o que amplia
o leque de doenças possíveis.
Além disso, 10% da população toma água de cisternas e de poços.
A orientação é que as pessoas
usem água tratada, fervam por 10
minutos ou utilizem duas gotas
de água sanitária para cada litro
de água (deve-se esperar por meia
hora). Também informa que as
pessoas devem evitar o contato
com pó ou barro.
A última morte foi de um rapaz
de 24 anos, cujo nome foi mantido em sigilo. Ele já tinha a doença
havia quatro dias antes da internação. Anteontem, às 17h, ele
procurou o Hospital de Base, em
Brasília. Foi levado em estado grave para a UTI. Às 2h, morreu.
"Paciente grave é um paciente
com febre alta, com dor no corpo
intensa, com diarréia, com dificuldade de respirar. Um paciente
que está roxo. É um paciente que
precisa ser atendido na hora e entubado", disse Bernardino.
A necropsia detectou que, em
todos os casos, houve derrame
pleural (hemorragia na membrana que envolve os pulmões) e edema pulmonar (acúmulo anormal
de líquido nos pulmões).
Segundo Bernardino, quatro
doenças estão no foco das apurações. Não quis informar, no entanto, quais seriam. Na segunda,
afirmou que poderia ser leptospirose ou hantavirose -o que condiz com as recomendações, já que
a leptospirose pode se disseminar
pela urina de ratos na água, e hantavirose pode se espalhar pelo pó.
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