São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Delegado-geral diz que já sabia, mas vai apurar

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Mário Jordão Toledo Leme, responsável pela nomeação de Youssef Abou Chahin para chefiar o Deic, afirmou ontem, por meio de sua assessoria, que já sabia da participação de Chahin no Grupo Oregon e que "a Lei Orgânica da Polícia Civil não veda a participação do funcionário público como cotista em empresas privadas".
Na interpretação de Leme, "não existe conflito de interesse [entre os trabalhos de Chahin, que é delegado de classe especial no Deic, e a Oregon], já que seu trabalho é executado com dedicação e exclusividade no Deic e não possui cargo diretivo e operacional na empresa".
"Essa empresa atua há mais de 15 anos no mercado e não substituiu, como nenhuma outra empresa brasileira do setor, o trabalho realizado pela polícia", afirmou Leme.
Sobre os serviços para "gerenciar crises", como nos seqüestros, Leme defendeu que não há conflitos de interesses com a DAS (Divisão Anti-Seqüestro) "porque Chahin não atua na empresa e porque os serviços prestados [pela Oregon] são para empresas contratadas e não para pessoas físicas".
Para justificar o fato de o carro do Deic ter ido buscar Chahin ontem no escritório da Oregon, Leme afirmou que "ele precisa de agilidade e eficiência em seus deslocamentos diários, por isso é disponibilizado carro com motorista".
Apesar de não ver irregularidade, Leme informou também que a Corregedoria da Polícia Civil "ouvirá a respeito Chahin e, se constatada irregularidade, será apurada".
Chahin foi procurado ao longo de todo o dia de ontem pela reportagem, mas não atendeu ao pedido de entrevista da Folha.
Segundo o investigador de polícia Maurício Rodrigues, Chahin, "por questões hierárquicas", resolveu não se pronunciar.
O governador José Serra (PSDB), segundo sua assessoria de imprensa, disse que a resposta oficial do Estado seria dada pelo secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, mas ele não falou.
Edgar Salim, um dos sócios de Chahin na Oregon, afirmou ontem que o delegado não fica na empresa, mas, sim, no Deic. Questionado se o delegado vai todos os dias à Oregon, respondeu que "só passa por aqui, porque ele mora aqui do lado". (AC)


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