|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Delegado-geral diz que já sabia, mas vai apurar
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo,
Mário Jordão Toledo Leme, responsável pela nomeação de Youssef Abou
Chahin para chefiar o
Deic, afirmou ontem, por
meio de sua assessoria,
que já sabia da participação de Chahin no Grupo
Oregon e que "a Lei Orgânica da Polícia Civil não
veda a participação do
funcionário público como
cotista em empresas privadas".
Na interpretação de Leme, "não existe conflito de
interesse [entre os trabalhos de Chahin, que é delegado de classe especial no
Deic, e a Oregon], já que
seu trabalho é executado
com dedicação e exclusividade no Deic e não possui
cargo diretivo e operacional na empresa".
"Essa empresa atua há
mais de 15 anos no mercado e não substituiu, como
nenhuma outra empresa
brasileira do setor, o trabalho realizado pela polícia", afirmou Leme.
Sobre os serviços para
"gerenciar crises", como
nos seqüestros, Leme defendeu que não há conflitos de interesses com a
DAS (Divisão Anti-Seqüestro) "porque Chahin
não atua na empresa e
porque os serviços prestados [pela Oregon] são para
empresas contratadas e
não para pessoas físicas".
Para justificar o fato de o
carro do Deic ter ido buscar Chahin ontem no escritório da Oregon, Leme
afirmou que "ele precisa
de agilidade e eficiência
em seus deslocamentos
diários, por isso é disponibilizado carro com motorista".
Apesar de não ver irregularidade, Leme informou também que a Corregedoria da Polícia Civil
"ouvirá a respeito Chahin
e, se constatada irregularidade, será apurada".
Chahin foi procurado ao
longo de todo o dia de ontem pela reportagem, mas
não atendeu ao pedido de
entrevista da Folha.
Segundo o investigador
de polícia Maurício Rodrigues, Chahin, "por questões hierárquicas", resolveu não se pronunciar.
O governador José Serra (PSDB), segundo sua
assessoria de imprensa,
disse que a resposta oficial
do Estado seria dada pelo
secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão, mas ele não falou.
Edgar Salim, um dos sócios de Chahin na Oregon,
afirmou ontem que o delegado não fica na empresa,
mas, sim, no Deic. Questionado se o delegado vai
todos os dias à Oregon,
respondeu que "só passa
por aqui, porque ele mora
aqui do lado".
(AC)
Texto Anterior: Chefe do Deic é sócio de firma de segurança Próximo Texto: "O que interessa é saber quem dirige a empresa", afirma professor da PUC Índice
|