São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Casal é morto diante do filho no Morumbi

Menino de 7 anos estava no banco de trás do carro e viu os pais serem assassinados a tiros por assaltantes anteontem

A criança ficou estática, em estado de choque, durante boa parte do dia de ontem; a polícia ainda não tem pistas dos criminosos


DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

Um menino de sete anos presenciou anteontem o assassinato dos seus pais, a tiros, durante uma tentativa de assalto em São Paulo. A criança estava sentada no banco de trás do veículo, um Honda Fit 2007, suposto alvo dos criminosos.
O crime ocorreu por volta das 23h30, na avenida Alberto Augusto Alves, no Morumbi, bairro nobre da zona oeste, quando os bancários Glauber Alexandre Paiva, 37, e Marta Maria Sena de Oliveira, 30, retornavam para casa.
De acordo com familiares e professores do colégio onde a criança estuda, o casal levava de volta para casa o filho Gabriel, que participara da festa de aniversário de um colega de classe.
A polícia ainda não sabe exatamente como ocorreu a seqüência dos disparos.
Uma das hipóteses investigadas é que, ao perceber a aproximação dos bandidos, o pai tenha tentado arrancar com o veículo. Irritados, os bandidos fizeram disparos e atingiram a nuca da mulher, que estava sentada ao seu lado.
Ao vê-la ferida, traumatizado, Paiva parou o carro logo em seguida e foi seguido pelos criminosos, que deram um tiro mortal em seu peito e fugiram.
Para os familiares, essa é a possibilidade mais concreta, até pelo relato da criança.
Após ficar em estado de choque e estático durante boa parte do dia de ontem, no final da tarde o menino começou a relatar as coisas de que se lembrava. "Primeiro atiraram na minha mãe, depois atiraram no meu pai e os dois desmaiaram", disse a criança, segundo parentes ouvidos pela Folha.
Outra hipótese admitida pelos policiais é de o tiro ter atingido primeiro o motorista. Ao ser ferido, Paiva deixou de acelerar o veículo e os assaltantes foram até o carro para matar também a mulher.
O casal chegou a ser levado para um pronto-socorro. O socorro pode ter sido prestado por policiais militares, mas a polícia não tem certeza disso.

Dificuldades
Hoje, devem ser ouvidas duas testemunhas. Até as 18h de ontem, o delegado Flávio Afonso da Costa, 48, dizia não haver nenhum suspeito. "Não temos nada de concreto."
Costa disse haver dificuldades nessa investigação porque próximo ao local do crime não há bares nem outros pontos de concentração de pessoas que possam ser encontradas facilmente. "É um corredor."
Sobre o prazo em que espera esclarecer o crime, o delegado não demonstra muito otimismo. "Nós temos 20 anos para isso, que é o prazo prescricional [do crime]", afirmou ele.
As investigações estão sendo conduzidas por duas equipes do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), que assumiram a investigação às 7h de ontem -quase oito horas depois do crime. Costa afirmou que esse é um tempo normal e a falta de informações até agora, idem.
O delegado afirmou que, apesar de ficar próximo a duas favelas, o local do crime não é considerado perigoso.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública não informou quantos crimes foram registrados na região neste ano.

Destino
De acordo com a família, Gabriel deverá ficar sob a guarda de um tio, irmão de Glauber, que mora em Recife e que tem um filho da mesma idade.
Glauber, a mulher e o filho tinham trocado o Nordeste por São Paulo havia um ano. "Mas eles não gostavam muito daqui. A vontade do Glauber era juntar dinheiro para comprar um apartamento em Recife", afirmou a babá de Gabriel, Eva da Cruz, também pernambucana.
Os três tinham saudades do mar e, com freqüência, viajavam aos finais de semana para Juqueí, no litoral norte de São Paulo, segundo os parentes.
"Era uma família participativa e muito animada. O menino é ótimo aluno", conta Rosana Bretas, diretora pedagógica da escola onde estuda o garoto. "O pai sempre vinha ver o menino nos treinos de futebol, torcia muito. A mãe também era ótima", completou ela.
(ROGÉRIO PAGNAN, DANIEL BERGAMASCO e JORGE DURAN)


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