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Casal é morto diante do filho no Morumbi
Menino de 7 anos estava no banco de trás do carro e viu os pais serem assassinados a tiros por assaltantes anteontem
A criança ficou estática,
em estado de choque, durante boa parte do dia de ontem; a polícia ainda não tem pistas dos criminosos
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Um menino de sete anos presenciou anteontem o assassinato dos seus pais, a tiros, durante uma tentativa de assalto
em São Paulo. A criança estava
sentada no banco de trás do veículo, um Honda Fit 2007, suposto alvo dos criminosos.
O crime ocorreu por volta
das 23h30, na avenida Alberto
Augusto Alves, no Morumbi,
bairro nobre da zona oeste,
quando os bancários Glauber
Alexandre Paiva, 37, e Marta
Maria Sena de Oliveira, 30, retornavam para casa.
De acordo com familiares e
professores do colégio onde a
criança estuda, o casal levava de
volta para casa o filho Gabriel,
que participara da festa de aniversário de um colega de classe.
A polícia ainda não sabe exatamente como ocorreu a seqüência dos disparos.
Uma das hipóteses investigadas é que, ao perceber a aproximação dos bandidos, o pai tenha tentado arrancar com o
veículo. Irritados, os bandidos
fizeram disparos e atingiram a
nuca da mulher, que estava
sentada ao seu lado.
Ao vê-la ferida, traumatizado, Paiva parou o carro logo em
seguida e foi seguido pelos criminosos, que deram um tiro
mortal em seu peito e fugiram.
Para os familiares, essa é a
possibilidade mais concreta,
até pelo relato da criança.
Após ficar em estado de choque e estático durante boa parte do dia de ontem, no final da
tarde o menino começou a relatar as coisas de que se lembrava. "Primeiro atiraram na minha mãe, depois atiraram no
meu pai e os dois desmaiaram",
disse a criança, segundo parentes ouvidos pela Folha.
Outra hipótese admitida pelos policiais é de o tiro ter atingido primeiro o motorista. Ao
ser ferido, Paiva deixou de acelerar o veículo e os assaltantes
foram até o carro para matar
também a mulher.
O casal chegou a ser levado
para um pronto-socorro. O socorro pode ter sido prestado
por policiais militares, mas a
polícia não tem certeza disso.
Dificuldades
Hoje, devem ser ouvidas duas
testemunhas. Até as 18h de ontem, o delegado Flávio Afonso
da Costa, 48, dizia não haver
nenhum suspeito. "Não temos
nada de concreto."
Costa disse haver dificuldades nessa investigação porque
próximo ao local do crime não
há bares nem outros pontos de
concentração de pessoas que
possam ser encontradas facilmente. "É um corredor."
Sobre o prazo em que espera
esclarecer o crime, o delegado
não demonstra muito otimismo. "Nós temos 20 anos para
isso, que é o prazo prescricional
[do crime]", afirmou ele.
As investigações estão sendo
conduzidas por duas equipes
do DHPP (Departamento de
Homicídio e Proteção à Pessoa), que assumiram a investigação às 7h de ontem -quase
oito horas depois do crime.
Costa afirmou que esse é um
tempo normal e a falta de informações até agora, idem.
O delegado afirmou que, apesar de ficar próximo a duas favelas, o local do crime não é
considerado perigoso.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública não informou
quantos crimes foram registrados na região neste ano.
Destino
De acordo com a família, Gabriel deverá ficar sob a guarda
de um tio, irmão de Glauber,
que mora em Recife e que tem
um filho da mesma idade.
Glauber, a mulher e o filho tinham trocado o Nordeste por
São Paulo havia um ano. "Mas
eles não gostavam muito daqui.
A vontade do Glauber era juntar dinheiro para comprar um
apartamento em Recife", afirmou a babá de Gabriel, Eva da
Cruz, também pernambucana.
Os três tinham saudades do
mar e, com freqüência, viajavam aos finais de semana para
Juqueí, no litoral norte de São
Paulo, segundo os parentes.
"Era uma família participativa e muito animada. O menino
é ótimo aluno", conta Rosana
Bretas, diretora pedagógica da
escola onde estuda o garoto. "O
pai sempre vinha ver o menino
nos treinos de futebol, torcia
muito. A mãe também era ótima", completou ela.
(ROGÉRIO PAGNAN, DANIEL BERGAMASCO e JORGE DURAN)
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