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Ao receber telefonema, tio pensou que fosse trote de falso seqüestro
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Às 3h de ontem, o aposentado Hideak Shiba, 71, recebeu
uma ligação de desconhecidos
dizendo que estavam com seu
sobrinho. Pensou estar sendo
vítima de mais um falso seqüestro. "Achei que fosse seqüestro
ou trote", diz o tio de Glauber,
que mora em São Paulo e foi o
primeiro parente a receber a
notícia da morte do casal.
"A polícia me ligou às 3h dizendo que estava com meu sobrinho. Não imaginava o que tinha acontecido." Ele esteve na
manhã de ontem no IML (Instituto Médico Legal) acompanhando outros familiares no
reconhecimento dos corpos.
A família teve dificuldades de
conseguir a liberação do corpo
da mulher, já que não havia nenhum parente dela para fazer o
reconhecimento. Os corpos
embarcariam ontem à noite para Recife. O enterro está marcado para as 14h de hoje, no cemitério Parque das Flores.
Tanto a família de Marta como a de Glauber são de Pernambuco. Alguns parentes viajaram do Recife para reconhecer o corpo. Entre eles, o único
irmão da vítima, Jerson Shiba
Paiva, 34, que contou que Glauber mudou-se para São Paulo
em junho do ano passado porque foi contratado para trabalhar como analista de sistemas
no banco Santander no bairro
do Morumbi e que estava satisfeito com o trabalho.
"Perdi um irmão, mas ganhei
um filho", disse ele, afirmando
que vai ficar com o sobrinho.
Mariè Helena Shiba Paiva,
69, que também estava no IML,
disse que falou com o filho pela
última vez na segunda-feira.
Segundo ela, ele combinou que
passaria as festas de fim de ano
e Carnaval no Recife.
Sobre o medo da violência
paulistana, ela disse que sempre sentiu o mesmo temor sobre a cidade de Recife. Ainda
muita abalada, declarou: "A
gente envelhece achando que
os filhos enterram os pais. Mas
não os pais enterram os filhos".
Ontem, familiares foram ao
condomínio, no Morumbi, para
retirar roupas e outros objetos
do casal. "O Glauber e a Marta
eram ótimos vizinhos, sempre
cumprimentavam a todos", diz
o síndico do local, Israel de Oliveira Peixoto, que foi informado por telefone pela polícia do
assassinato.
Pregada na porta do apartamento, uma plaquinha de madeira anunciava: "Aqui mora
uma família feliz".
(DB, JD, RP)
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