São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Escolas ruins podem ser "arapuca", diz pedagoga

Para Maria Letícia Nascimento, criança em escola ruim não aproveita todo seu potencial

Apesar disso, ela acredita que as crianças geralmente conseguem superar as "arapucas pedagógicas" armadas por instituições

DA REPORTAGEM LOCAL

Um criança matriculada em escola ruim não aproveita todo o seu potencial. Apesar disso, as crianças geralmente conseguem superar as "arapucas pedagógicas" que são armadas pelas escolas ruins que elas frequentam.
A opinião é da pedagoga Maria Letícia Nascimento, doutora em Educação e também professora da USP (Universidade de São Paulo).
"Do meu ponto de vista, esse é o risco que se corre quando as crianças são matriculadas em escolas ruins: o mal aproveitamento de tudo o que seria possível criar, fazer, construir", afirma.
Para a pedagoga, uma escola ruim "pode produzir consequências para a formação, impedindo ou reduzindo a expressão, a experimentação, a voz das crianças".
E Maria Letícia alerta que os pais precisam ficar atentos aos objetivos das atividades supostamente pedagógicas, que são ministradas pelas escolas de seus filhos.
"Qual o significado de ficar fazendo bolinhas de papel para colar numa folha? Ou, qual o significado de ficar pintando figuras preestabelecidas, muitas vezes com cores pré-determinadas? Em algumas escolas de educação infantil, essas atividades compõem o elenco de atividades diárias."
E ela questiona: "Eu pergunto: qual é o objetivo dessas atividades? Qual o conhecimento de si e do mundo as crianças estão obtendo por meio dessas atividades?".
Maria Letícia aponta que um projeto pedagógico sério para o ensino infantil deve prever algumas coisas. Entre elas, o contato com histórias, tintas, sons e outros elementos culturais e naturais.
Além disso, um projeto pedagógico sério -segundo a pedagoga- também deve reconhecer as crianças como pessoas em formação, que devem participar das escolhas que são realizadas pelo grupo.
"Deve haver atenção por parte dos professores à organização da rotina e das atividades, de maneira a atender as necessidades de socialização, de formação, de expressão das crianças, além da ampliação de seu universo cultural. Isso significa não propor atividades sem significado, que sejam mero preenchimento do tempo, como se vê costumeiramente."
Apesar de alertar para o prejuízo que as escolas ruins podem causar no desenvolvimento do aluno, ela é otimista.
"Felizmente, as crianças sobrevivem às arapucas supostamente pedagógicas nas quais são matriculadas, porque são seres inteligentes que interagem e estabelecem relações significativas para elas."


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