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Escolas ruins podem ser "arapuca", diz pedagoga
Para Maria Letícia Nascimento, criança em escola ruim não aproveita todo seu potencial
Apesar disso, ela acredita que as crianças geralmente conseguem superar as "arapucas pedagógicas" armadas por instituições
DA REPORTAGEM LOCAL
Um criança matriculada em
escola ruim não aproveita todo
o seu potencial. Apesar disso, as
crianças geralmente conseguem superar as "arapucas pedagógicas" que são armadas pelas escolas ruins que elas frequentam.
A opinião é da pedagoga Maria Letícia Nascimento, doutora em Educação e também professora da USP (Universidade
de São Paulo).
"Do meu ponto de vista, esse
é o risco que se corre quando as
crianças são matriculadas em
escolas ruins: o mal aproveitamento de tudo o que seria possível criar, fazer, construir",
afirma.
Para a pedagoga, uma escola
ruim "pode produzir consequências para a formação, impedindo ou reduzindo a expressão, a experimentação, a voz
das crianças".
E Maria Letícia alerta que os
pais precisam ficar atentos aos
objetivos das atividades supostamente pedagógicas, que são
ministradas pelas escolas de
seus filhos.
"Qual o significado de ficar
fazendo bolinhas de papel para
colar numa folha? Ou, qual o
significado de ficar pintando figuras preestabelecidas, muitas
vezes com cores pré-determinadas? Em algumas escolas de
educação infantil, essas atividades compõem o elenco de
atividades diárias."
E ela questiona: "Eu pergunto: qual é o objetivo dessas atividades? Qual o conhecimento
de si e do mundo as crianças estão obtendo por meio dessas
atividades?".
Maria Letícia aponta que um
projeto pedagógico sério para o
ensino infantil deve prever algumas coisas. Entre elas, o contato com histórias, tintas, sons
e outros elementos culturais e
naturais.
Além disso, um projeto pedagógico sério -segundo a pedagoga- também deve reconhecer as crianças como pessoas
em formação, que devem participar das escolhas que são realizadas pelo grupo.
"Deve haver atenção por parte dos professores à organização da rotina e das atividades,
de maneira a atender as necessidades de socialização, de formação, de expressão das crianças, além da ampliação de seu
universo cultural. Isso significa
não propor atividades sem significado, que sejam mero
preenchimento do tempo, como se vê costumeiramente."
Apesar de alertar para o prejuízo que as escolas ruins podem causar no desenvolvimento do aluno, ela é otimista.
"Felizmente, as crianças sobrevivem às arapucas supostamente pedagógicas nas quais
são matriculadas, porque são
seres inteligentes que interagem e estabelecem relações significativas para elas."
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