São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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TRANSPORTES

Dois novos ônibus dividirão trajeto, com baldeação no terminal Parque Dom Pedro 2º; motivo foi baixa demanda

Após 50 anos, linha Penha-Lapa é extinta

DO "AGORA"

Uma das linhas de ônibus mais antigas e tradicionais em operação em São Paulo, a Penha-Lapa -que ligava as zonas leste e oeste-, parou de circular no último sábado, deixando para muitos passageiros a saudade dos tempos em que os antigos bondes e trólebus circulavam pela cidade.
A Penha-Lapa completaria 51 anos de existência em setembro deste ano. De acordo com informações do Museu do Ônibus da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) Gaetano Ferolla, a linha começou a operar em São Paulo no dia 5 de setembro de 1953, seis anos depois da criação da companhia.
Em 1956, o "Azul e Branco", nome pelo qual o ônibus ficou conhecido, devido às suas cores, era gerenciado pela empresa Leste-Oeste. À época, percorria 36 quilômetros. Deixou de circular em 1978, quatro anos após o início da operação da primeira linha do metrô, a norte-sul (em 1974).
Mas, um ano depois, em 24 de abril de 1979, o ônibus voltou a circular, desta vez com quase 55 km de extensão, um dos mais longos naquela época -26,4 km de ida e 28,4 km de volta. Em 1983, era a linha com maior fluxo de passageiros na cidade, principalmente nos horários de pico.
Agora, de acordo com a SPTrans, empresa que gerencia o transporte coletivo da capital paulista, a linha foi dividida em duas. Para ir até os dois extremos (Lapa ou Penha), o usuário precisa ir até o terminal Parque Dom Pedro 2º (região central da cidade) para fazer a baldeação que o levará até o seu destino. Ainda segundo a empresa, a linha despertava pouco interesse por parte dos usuários. O reflexo foi a baixa demanda, daí o motivo de "quebrar" o trajeto em dois.

Novo trajeto
Com a mudança, a linha 208A/ 10 passou a ter o nome de Penha-Terminal Dom Pedro 2º. São percorridos no trajeto cerca de 35 quilômetros -16,7 km (ida) e 17,9 km (volta).
"Naquela época, as mulheres não ficavam em pé e os homens sentados no ônibus como é hoje. As pessoas eram mais educadas e você só via homens em pé, oferecendo lugares para as mulheres", afirma o comerciante José Tanaka, 58, que era usuário da linha desde os anos 60.
"Há cerca de 30 anos, era com esse ônibus que eu ia até a igreja da Penha", conta a pensionista Nancy Lalo, 73.
O sambista Oswaldinho da Cuíca, 64, lembra a época em que os bondes elétricos faziam a linha Penha-Lapa. "Já faz muito tempo. Acho que poucas pessoas faziam todo o percurso, pois era muito extenso", diz ele. Os bondes começaram a ser extintos em São Paulo no final da década de 60.


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