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TRANSPORTES
Dois novos ônibus dividirão trajeto, com baldeação no terminal Parque Dom Pedro 2º; motivo foi baixa demanda
Após 50 anos, linha Penha-Lapa é extinta
DO "AGORA"
Uma das linhas de ônibus mais
antigas e tradicionais em operação em São Paulo, a Penha-Lapa
-que ligava as zonas leste e oeste-, parou de circular no último
sábado, deixando para muitos
passageiros a saudade dos tempos
em que os antigos bondes e trólebus circulavam pela cidade.
A Penha-Lapa completaria 51
anos de existência em setembro
deste ano. De acordo com informações do Museu do Ônibus da
CMTC (Companhia Municipal de
Transportes Coletivos) Gaetano
Ferolla, a linha começou a operar
em São Paulo no dia 5 de setembro de 1953, seis anos depois da
criação da companhia.
Em 1956, o "Azul e Branco", nome pelo qual o ônibus ficou conhecido, devido às suas cores, era
gerenciado pela empresa Leste-Oeste. À época, percorria 36 quilômetros. Deixou de circular em
1978, quatro anos após o início da
operação da primeira linha do
metrô, a norte-sul (em 1974).
Mas, um ano depois, em 24 de
abril de 1979, o ônibus voltou a
circular, desta vez com quase 55
km de extensão, um dos mais longos naquela época -26,4 km de
ida e 28,4 km de volta. Em 1983,
era a linha com maior fluxo de
passageiros na cidade, principalmente nos horários de pico.
Agora, de acordo com a
SPTrans, empresa que gerencia o
transporte coletivo da capital
paulista, a linha foi dividida em
duas. Para ir até os dois extremos
(Lapa ou Penha), o usuário precisa ir até o terminal Parque Dom
Pedro 2º (região central da cidade) para fazer a baldeação que o
levará até o seu destino. Ainda segundo a empresa, a linha despertava pouco interesse por parte dos
usuários. O reflexo foi a baixa demanda, daí o motivo de "quebrar" o trajeto em dois.
Novo trajeto
Com a mudança, a linha 208A/
10 passou a ter o nome de Penha-Terminal Dom Pedro 2º. São percorridos no trajeto cerca de 35
quilômetros -16,7 km (ida) e
17,9 km (volta).
"Naquela época, as mulheres
não ficavam em pé e os homens
sentados no ônibus como é hoje.
As pessoas eram mais educadas e
você só via homens em pé, oferecendo lugares para as mulheres",
afirma o comerciante José Tanaka, 58, que era usuário da linha
desde os anos 60.
"Há cerca de 30 anos, era com
esse ônibus que eu ia até a igreja
da Penha", conta a pensionista
Nancy Lalo, 73.
O sambista Oswaldinho da Cuíca, 64, lembra a época em que os
bondes elétricos faziam a linha
Penha-Lapa. "Já faz muito tempo.
Acho que poucas pessoas faziam
todo o percurso, pois era muito
extenso", diz ele. Os bondes começaram a ser extintos em São
Paulo no final da década de 60.
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