São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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HISTÓRIA TRANCADA

Universidade interrompeu visitação a 3 construções em Santa Catarina após decisão que anulou contratações

Sem verba e funcionários, fortalezas fecham

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

Três das fortalezas mais visitadas de Santa Catarina foram fechadas nesta semana por tempo indeterminado devido à falta de verba e funcionários para mantê-las abertas à visitação. Após a interdição das fortificações de Ratones e Anhatomirim, na segunda e na terça, ontem foi a vez de Ponta Grossa -única com acesso por terra. Juntas, receberam 128 mil turistas no ano passado.
Localizadas no norte da ilha, duas delas estão incluídas na maioria dos passeios de escuna oferecidos em Florianópolis.
A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que administra as fortificações, demitiu os 15 funcionários de manutenção, bilheteria e conservação depois que o TCU (Tribunal de Contas da União) julgou ilícitas as contratações, feitas por meio da Fapeu (Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária).
Pela decisão, a universidade não pode usar a fundação para contratar serviços que não tenham como finalidade o apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão. Com isso, a universidade rescindiu os contratos e não pode agora, sem concurso público, substituir os funcionários.
Além disso, ela está tendo dificuldades para arcar com os R$ 300 mil por ano necessários para manter as fortificações, diz o professor Golias Silva, coordenador do projeto Fortalezas da Ilha.
A folha salarial dos funcionários consome R$ 20 mil/mês, além de R$ 5.000 em manutenção de locais, embarcações e combustível.
Nos últimos anos, houve ainda uma queda considerável na visitação -e a universidade bancava o déficit. Em 2001, 220 mil pessoas visitaram os três fortes. No ano seguinte, o total caiu para 155 mil.
Segundo Silva, foi feita uma reunião, no dia 16 de maio, com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e outros órgãos de fomento ao turismo da região para buscar apoio. Porém, quase dois meses e meio depois, nenhum deles manifestou interesse, diz o professor.
O Iphan disse ontem que não se pronunciaria pois não havia sido informado da decisão do TCU.

História
As três fortalezas fazem parte de um projeto do brigadeiro português Silva Paes -engenheiro militar e primeiro governador da Capitania de Santa Catarina-, que montou um sistema de defesa no norte da ilha por volta de 1740.
Elas foram construídas para impedir a invasão espanhola. Juntas, as três construções possuíam mais de 50 peças de artilharia e cinco baterias de canhões.
Em 1938, já bastante depredadas, as fortificações foram tombadas pelo Iphan. Na década de 90, a universidade iniciou um trabalho de recuperação e restauração.
A entrada para a área de fortalezas custava R$ 4 (estudantes, crianças e idosos pagavam meia).


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