São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cônsul dos EUA se envolve em acidente e recusa bafômetro

Diplomata americano derrubou e feriu casal que trafegava na garupa de uma moto na região central de São Paulo

Ele alegou imunidade diplomática e foi liberado pela Polícia Militar após o acidente; legislação não o obriga a realizar o teste

DA REPORTAGEM LOCAL DA FOLHA ONLINE

Um cônsul dos EUA em São Paulo se envolveu em um acidente de trânsito na madrugada de sábado na região central e deixou um casal ferido. Segundo a polícia, o americano Calvin Ted Watlington se recusou a ir à delegacia e a se submeter ao teste do bafômetro após o acidente, afirmando possuir imunidade diplomática.
Pela legislação brasileira, um motorista não é obrigado a realizar o teste, mas pode ser multado. O diplomata não foi.
"Se se recusar a fazer [teste de] bafômetro e sangue, será autuado pelo artigo 165 do código, que é uso de bebida alcoólica. Estará subentendido que bebeu e terá de pagar multa de R$ 955", disse em junho à Folha o major Ricardo Fernandes de Barros, comandante interino do 34º Batalhão de Trânsito.
O acidente ocorreu por volta das 3h15, no cruzamento da avenida Brigadeiro Luís Antônio com a alameda Ribeirão Preto, na Bela Vista.
O casal estava na garupa de uma moto e trafegava pela avenida, quando, segundo diz, foi fechado pelo carro do cônsul, um Toyota preto RAV4, com placa diplomática CD-3342, que supostamente estaria com os faróis apagados.
Segundo o técnico em eletrônica Evaristo de Souza Santos Filho, que conduzia a moto, o cônsul estava na terceira faixa da direita da Brigadeiro, sentido centro, quando tentou manobrar para entrar à esquerda, na alameda Ribeirão Preto.

Escoriações
Derrubados da moto, Santos Filho e a namorada, Talita Rodrigues Costa, tiveram escoriações pelo corpo e foram levados à Santa Casa; ele com ferimentos no cotovelo, pé e perna esquerdos, ela com contusões no joelho, pulso e ombro direitos. Os dois usavam capacete.
Em depoimento à polícia, o casal disse que Watlington tinha sinais de embriaguez e a fala alterada. A uma equipe da PM que passava ali perto, o americano teria mostrado as credenciais diplomáticas e afirmado ter imunidade. O cônsul não foi à delegacia depor.
Segundo o 5º DP (Aclimação), o cônsul tem de prestar esclarecimentos no boletim de ocorrência, registrado como lesão corporal culposa. À polícia, Santos Filho e a namorada disseram não ter recebido socorro do diplomata americano, que não falou com o casal após o acidente. O cônsul só teria conversado com policiais que chegaram ao local pouco depois.
A Embaixada dos EUA confirmou o episódio. Disse que o cônsul respondeu a todas as perguntas da polícia e que o caso ainda está sob investigação.
No Brasil, a nova lei de trânsito prevê a prisão de motoristas que tenham dirigido após beber. A multa é de R$ 955 ao motorista flagrado com níveis de 0,1 mg/l a 0,29 mg/l de álcool no ar expelido dos pulmões (equivalente a um copo de chope). Acima de 0,3 mg/l (dois copos), é preso. A fiança pode chegar a R$ 1.200.
Se parado pela polícia nos EUA, o condutor é obrigado a fazer o teste do bafômetro. Se passar do limite, vai para a cadeia, de onde sai mediante fiança, cujo valor varia conforme o Estado americano -em Nova York é de US$ 200 (R$ 314).


Texto Anterior: Fundação vai gerir InCor-DF até dezembro
Próximo Texto: Ar deve ficar mais úmido hoje, prevê meteorologia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.