São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Fundação vai gerir InCor-DF até dezembro

Zerbini continua em Brasília para tentar recuperar prejuízo com hospital, do qual deveria ter se desligado em 2007

Permissão foi dada pelo governo José Serra, que defendia que fundação se dedicasse apenas à unidade do instituto em São Paulo

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fundação Zerbini, entidade privada sem fins lucrativos que administra o InCor (Instituto do Coração) de São Paulo, recebeu autorização do governador José Serra (PSDB) para continuar à frente do InCor do Distrito Federal até o final deste ano. A instituição deveria ter deixado o hospital de Brasília em dezembro do ano passado.
A decisão foi tomada no final da última semana, durante uma reunião de Serra com os secretários Luiz Roberto Barradas Barata (Saúde) e Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil). A Fundação Zerbini será informada oficialmente hoje.
O período maior de permanência agrada à Zerbini, ao governo do Distrito Federal e ao governo federal, mas contraria os planos iniciais de Serra, que queria a fundação dedicando-se exclusivamente a São Paulo.
Considerado o maior centro de cardiologia da América Latina, o InCor-SP é ligado ao Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e faz parte da rede estadual de saúde.
No final de 2006, veio a público que a Fundação Zerbini estava afogada numa dívida de R$ 245 milhões. O governo de São Paulo ofereceu socorro, por temer que o atendimento à população fosse afetado.
Como condição para assumir parte da dívida, impôs que a fundação se desfizesse do InCor-DF até dezembro do ano passado. O objetivo foi parar a transferência de dinheiro do InCor-SP para o InCor-DF. Na capital federal, cirurgias e consultas foram suspensas por alguns dias por falta de recursos.
No início, sugeriu-se a federalização do hospital, mas a idéia não foi adiante. Em seguida, o governo Serra ofereceu o InCor-DF ao Hospital Israelita Albert Einstein e ao Hospital do Coração. As negociações não foram adiante por causa das dívidas do hospital brasiliense.
Além disso, a própria Zerbini tem interesse em continuar em Brasília, porque isso permite uma relação mais próxima com o governo federal e com o Congresso Nacional. Durante a crise financeira, a fundação recebeu apoio direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cobrou empenho dos ministérios da Fazenda e da Saúde na busca de uma solução.
Como argumento para manter-se na capital federal, a Zerbini diz que precisa de tempo para compensar o prejuízo de cerca de R$ 3 milhões que o InCor-DF teve nos primeiros quatro meses do ano. Em maio e junho, teve um superávit de aproximadamente R$ 400 mil, graças principalmente à ajuda do Distrito Federal.

Militares
O governo federal e o do Distrito Federal tampouco querem mudanças. Temem que, sem o prestígio e o dinheiro da Fundação Zerbini, o InCor-DF se deteriore e se transforme num hospital público comum.
A instituição, inaugurada em 2004, funciona num dos andares do Hospital das Forças Armadas. Os militares têm atendimento preferencial nas cirurgias cardíacas. O Ministério da Defesa, por isso, também é contra a saída da fundação paulista.
As duas unidades do InCor atuam nas áreas de ensino e pesquisa e atendem a pacientes particulares, de convênios médicos e do SUS (Sistema Único de Saúde). O dinheiro público é complementado pela Zerbini. Hoje já não há vínculo financeiro entre os dois hospitais.


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