São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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SEGURANÇA

Quadrilha acusada de traficar drogas e lavar dinheiro foi alvo de investigação que durou cerca de um ano

Ação conjunta prende ao menos 57 em SP

DO "AGORA"

O Ministério Público do Estado e as polícias Civil, Federal e Militar começaram a cumprir ontem mandados de prisão contra cerca de 140 envolvidos com uma organização de traficantes da região de São José do Rio Preto (440 km de SP). Entre os presos há empresários, advogados e até um funcionário do Poder Judiciário.
Até a noite de ontem, a polícia de São José do Rio Preto confirmava a prisão de 57 pessoas. Ao longo deste ano, 53 pessoas já haviam sido presas por envolvimento com a quadrilha.
A organização, segundo a polícia, é chefiada por Jair Carlos de Souza, o Jajá, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) que cumpre pena na penitenciária 2 de Mirandópolis (607 km de SP). O caso começou a ser investigada há dois anos pelo Ministério Público de Rio Preto.
Por meio de grampos telefônicos, a Promotoria e a Polícia Civil gravaram conversas que explicitavam o modo de atuação dos traficantes e os identificavam.
Pelos grampos, foi descoberto que um dos colaboradores do bando era escrevente do fórum da cidade. O funcionário, que foi preso ontem, ajudaria os criminosos ao abastecê-los de informações sobre processos judiciais, como decretação de mandados de prisão.
Além de associação para o tráfico (crime pelo qual todos foram indiciados), o escrevente é acusado de tráfico de influência.

Lavagem de dinheiro
Cinco empresários, donos de lojas de veículos em Rio Preto, foram presos. Eles são acusados de utilizar as concessionárias como fachada para lavar o dinheiro do tráfico.
Outro empresário foi detido em Praia Grande (a 86 km de São Paulo), também sob acusação de participar da quadrilha. Uma de suas funções seria buscar cocaína no Peru.
A filha do empresário, que também foi presa, tinha registrada em seu nome uma empresa de distribuição de água, cujo objetivo, segundo as investigações, era lavar dinheiro obtido de maneira ilícita.
Na capital, a polícia prendeu o advogado que defende Jajá. Ele é acusado de fraude processual e corrupção por tentar negociar um habeas corpus para seu cliente no STF (Supremo Tribunal Federal). Além dele, outros quatro advogados foram presos no interior. A reportagem não conseguiu ouvir os detidos ou eventuais defensores deles.
Cinco presídios do Estado foram revistados. Neles foram encontrados celulares e material de contabilidade do PCC.

Contas
Outros quatro líderes do bando presos, que agiam sob comando de Jajá, foram identificados: Marcos Ciccone, Edson da Costa, Anísio Gonçalves e Mário Costa.
Segundo o Ministério Público, 25 contas da organização foram bloqueadas. Ainda não se sabe quanto dinheiro a quadrilha conseguia movimentar.
Participaram da operação, batizada de "Limpa Rio Preto", 17 promotores, um procurador da República, 40 delegados da Polícia Civil, 175 investigadores, cem policiais militares e equipes da Polícia Federal, além de agentes da Receita Federal.


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