São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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SINAL VERMELHO

De 963 táxis, 468 foram flagrados sem passageiros ou com uma película que escurece os vidros; categoria quer liberação

Metade dos taxistas usa corredores irregularmente

CLAYTON FREITAS
DO "AGORA"

Metade dos taxistas que rodam nas faixas de ônibus -conhecidas como passa-rápido- desrespeita as normas estabelecidas pela Prefeitura de São Paulo. A reportagem esteve na última semana em 24 pontos diferentes de sete corredores e constatou que, dos 963 táxis que trafegaram nas faixas, 468 (49% do total) o fizeram com película escurecedora dos vidros ou sem passageiros. A principal infração cometida pelos taxistas é trafegar com o chamado "insulfilm" -354 (36,76%).
Para fazer o cálculo, a reportagem permaneceu durante 20 minutos em cada ponto, observando e contando os veículos que trafegavam nas faixas -além dos ônibus- e a quantidade de táxis que circulavam fora dos corredores.
A liberação para circular nos corredores durante 24 horas foi dada no dia 15 deste mês pela Secretaria dos Transportes. Ela terá validade durante 90 dias. Se aprovada, poderá valer para sempre.
O levantamento constatou ainda que 114 táxis (12% ) circularam sem passageiros. Já o número de taxistas que rodam fora das faixas exclusivas foi menor: 786. Desse total, os que não transportam passageiros predominam: 452 (57,5%), seguido por aqueles com a película, com 209 casos (26,6%).
O local onde houve maior desrespeito por parte dos taxistas foi no trecho próximo à rua Estados Unidos, nos Jardins (zona oeste), no corredor Santo Amaro-Nove de Julho-Centro. No período em que a reportagem esteve no local -na última terça-feira, das 15h42 às 16h02-, 77 táxis circularam com a película no corredor.
A capital tem 33,5 mil táxis. A reivindicação dos táxis para circular nas faixas exclusivas data de 1998. No final do ano passado, houve a liberação parcial.
Especialistas dizem que o tráfego excessivo de táxis nos corredores até então exclusivos para ônibus pode causar lentidão nessas faixas e até prejudicar a velocidade dos coletivos.
O secretário dos Transportes, Frederico Bussinger, disse que seriam feitas medições para aferir o impacto que a liberação causaria na velocidade dos coletivos. Até anteontem, no entanto, a aferição não havia sido feita.

Fiscalização
Há 58 câmeras fiscalizando os corredores. Não foi informado quantas multas foram aplicadas.
Além dos táxis irregulares, os corredores também são invadidos por motos, carros, caminhões, ônibus fretados e até bicicletas. As "campeãs" são as motos. Dos 866 veículos flagrados, 62,47% (541) eram motos. O número é superior até do que a quantidade de taxis circulando regularmente nas faixas, 495.
"A gente tem horário para chegar e, se for pela esquerda, vai bem melhor do que ficar passando entre carros", diz o motoboy Rubens Gonzaga Luiz, 43.
Os carros particulares também invadem a faixa sem muita cerimônia. Foram flagrados 239 (27,6% dos infratores).
O corredor onde acontece a maior invasão de outros veículos, como motos e carros, é o Campo Limpo-Rebouças-Consolação. Foram constatados 255 motos e outros 81 carros.

Taxistas
O presidente do Sindicato dos Taxistas de São Paulo, Natalício Bezerra, diz que a única solução para os infratores é a multa. "O prefeito liberou a título de experiência. A CET tem de fazer a sua parte e multar", afirma. Bezerra questiona, porém, a proibição de películas escurecedoras. "Uma portaria da prefeitura não pode se sobrepor a uma do Contran [Conselho Nacional de Trânsito], que permite o uso das películas", declarou o sindicalista.


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