São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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ALIMENTAÇÃO

Estudo realizado pela Secretaria de Saúde aponta que somente 41% dos paulistanos mantém o verde na dieta

Paulistano come poucas frutas e verduras

DA REPORTAGEM LOCAL

Grande parte dos paulistanos come uma quantidade insuficiente de frutas, verduras e legumes, segundo apontam os dados de uma pesquisa realizada pela Divisão de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
O estudo comprovou que apenas 41% dos paulistanos consomem legumes cinco ou mais vezes por semana. Com as verduras, a taxa sobe para 47%. Já as frutas, são ingeridas por pouco mais da metade (55%) dos moradores da capital, semanalmente.
Para os especialistas, os números são preocupantes, pois esses alimentos exercem função importante na prevenção de doenças coronarianas, diabetes e câncer.
De acordo com a nutricionista Africa Neumann, da secretaria, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda como ideal que cada pessoa consuma pelo menos 400 gramas de frutas e vegetais diariamente. Segundo Neumann, o ideal seria que 100% da população ingerisse frutas e verduras todos os dias.
Para os vegetarianos, os dados apresentam um grave problema. "A alimentação dessas pessoas está deficiente. Esses alimentos contém substâncias protetoras", afirmou George Guimarães, nutricionista da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira).
Segundo o nutrólogo Eric Slywitch, responsável pelo departamento científico da SVB, "há várias falhas na alimentação da população que precisam ser corrigidas". Segundo ele, deveria haver uma campanha pública feita pelo governo que incentivasse o consumo de frutas e vegetais.
A pesquisa entrevistou 782 pessoas, na faixa etária dos 15 aos 59 anos, entre 2000 e 2002. As pessoas com idades entre 50 e 59 anos apresentaram os piores índices de ingestão de frutas e vegetais. Cerca de 64% dos entrevistados deste grupo não consomem legumes com regularidade.
Segundo Neumann, isso pode ocorrer porque as pessoas nessa idade tendem a ficar mais sozinhas e preferem uma comida prática. Outro fator que pode explicar o hábito incorreto é o fato de o paladar ser afetado com o envelhecimento. "A comida gordurosa é mais palatável", diz.
Na análise por grau de instrução, a pesquisa mostra que o pior hábito alimentar está entre os que estão cursando ou concluíram o ensino médio. Um índice de 62,2% deles não comem legumes cinco ou mais vezes por semana.
Na opinião da nutricionista Anita Sachs, do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, a baixa ingestão de vegetais e frutas pelos brasileiros pode ser explicada também pelo alto custo desses alimentos e pela grande disseminação dos produtos industrializados. Para quem quer mudar de hábito ela indica colocar verdura nos sanduíches e substituir o doce da sobremesa por uma fruta.
O governo federal não tem uma ação específica de incentivo ao consumo de frutas e vegetais. A única medida nesse sentido é a distribuição de material educativo, na rede pública de saúde, sobre alimentação saudável.
De acordo com Patrícia Gentil, da coordenação geral da Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, há uma equipe do ministério estudando a implantação de medidas, entre elas a veiculação de campanhas de conscientização e ações específicas junto a cantinas escolares. (LUÍSA BRITO)


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