São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Acaba o seqüestro de filho de vereador

Grupo pediu R$ 3 milhões para libertar Ricardo Mutran, mas a família diz que não houve o pagamento de resgate

Advogado foi levado no dia 19 de julho de lanchonete na Vila Maria; Mutran acredita que criminosos soltaram o filho por medo da polícia

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O advogado Ricardo Mutran, 43, foi libertado ontem pelos seqüestradores que há 39 dias o levaram de uma lanchonete na Vila Maria, zona norte de São Paulo. O vereador Wadih Mutran (PFL), pai de Ricardo, afirma que o grupo chegou a pedir R$ 3 milhões para libertá-lo, mas diz que não houve o pagamento de resgate.
Segundo o vereador, Ricardo não sofreu maus-tratos e passa bem, apesar de ter dificuldade para falar, pois ficou o tempo todo de cabeça baixa. "Ele está uns 12 quilos mais magro, barbudo e cabeludo. Mas está bem", disse Mutran.
Ricardo contou que o grupo o deixou na via Dutra, por volta da 1h30, perto de Guarulhos (Grande SP). Foi levado até a rodovia, encapuzado, no banco traseiro de um veículo. O advogado não sabe quanto tempo caminhou e só ligou para a família ao perceber que estava na Vila Maria. "Senti muito medo, principalmente na troca de cativeiro e na saída."
Ele afirmou que foi mantido o tempo todo com um capuz e que era alimentado uma vez por dia com sanduíches. O advogado, que acredita ter passado por dois cativeiros, também disse não saber por que foi alvo do seqüestro, uma vez que, disse, sua família não tem posses.
Ricardo é candidato a deputado estadual pelo PFL e disse ontem que não vai desistir da disputa eleitoral.

Seqüestro
Ricardo foi seqüestrado em 19 de julho, por volta das 20h, quando jantava com o assessor Irval Gimenes, a mulher e a filha em uma lanchonete ao lado de seu comitê eleitoral, na avenida Guilherme Cotching.
Segundo o assessor, eles eram os únicos clientes da lanchonete quando cinco homens armados entraram e anunciaram um assalto. Todos foram levados para o banheiro, inclusive o dono da lanchonete e o garçom. "Eles disseram ao Ricardo: "Você vem com a gente.'"
O vereador contou que estava falando ao celular com o filho no momento em que os seqüestradores entraram na lanchonete. "O bandido tirou o celular da mão dele, e eu fui voando para a Vila Maria", lembra.
Mutran foi até a lanchonete, e depois à polícia. "Eu ainda estava na delegacia quando os seqüestradores ligaram no meu celular. Eles pediram R$ 3 milhões para liberar meu filho e me deram quatro dias para conseguir o dinheiro."
No quarto dia, segundo o vereador, o mesmo seqüestrador fez novo contato. "Eu disse que só tinha R$ 7.000 e ele desligou o telefone na minha cara." O terceiro e último telefonema ocorreu no dia 6 de agosto, quando um outro homem ligou e perguntou se ele estava com o "peixe na mão", isto é, o dinheiro. O vereador disse que só tinha R$ 21 mil e a conversa foi encerrada novamente. "Depois, eles não ligaram mais."
O vereador acredita que os seqüestradores soltaram o filho porque a polícia "estava chegando perto deles". A polícia diz já ter pistas dos suspeitos.


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