São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Em missa pela paz, cardeal cobra reformas

Arcebispo dom Cláudio Hummes critica o sistema prisional e pede políticas públicas para pobre e jovem

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cardeal dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, criticou ontem o sistema carcerário paulista e disse que a situação das penitenciárias contribuiu para o fortalecimento do crime organizado e das rebeliões. "É urgente a necessidade de humanização das prisões", afirmou o cardeal durante missa pela paz celebrada na Catedral da Sé, na capital.
"As penitenciárias estão em condições desumanas, que levam a rebeliões, assassinatos e ao mando do crime organizado de dentro das prisões, o que não deveria ocorrer. Isso significa que há algo errado ali dentro."
O cardeal aproveitou a cerimônia para cobrar políticas públicas para mais de um milhão de jovens que estão desempregados e para os pobres. "Muito do que está acontecendo tem a ver com pobreza, marginalização e falta de perspectiva [dos jovens]. Não estou dizendo que a pobreza leva ao crime, mas muitas vezes o crime se aproveita da pobreza das pessoas para aliciá-las para o seu lado. Isso é muito triste", disse.
A missa celebrada ontem foi a primeira mobilização da Igreja Católica após os ataques criminosos iniciados em 12 de maio. Além da Sé, outras 1.890 paróquias do Estado participaram da convocação do cardeal, que pediu a todos que vestissem branco ou colocassem uma bandeira branca nas janelas de suas casas.
Questionado sobre a demora da Igreja Católica em se manifestar sobre os ataques, o cardeal disse que estava feliz por conseguir fazer a celebração e envolver todo o Estado. "Talvez devêssemos ter feito antes. Mas acho que nunca é tarde."

Mensagem
Na homilia, o cardeal Hummes leu a mensagem assinada por noves bispos da Grande São Paulo contra a violência e que cobra reformas da segurança pública e do sistema prisional.
O cardeal reforçou o manifesto ao se posicionar favoravelmente a investimentos nas polícias e à aplicação de penas alternativas para amenizar a superlotação dos presídios. Ressaltou, porém, que a igreja não é a favor da impunidade.
O governador Cláudio Lembo (PFL) disse que o manifesto da igreja exige uma profunda reflexão de todos os que estão em cargos com poder de decisão. Para ele, os governos são obras de humanos, e os "humanos sempre se equivocam".
O governador diz acreditar que São Paulo vencerá o crime quando houver solidariedade. "Nós temos que nos desarmar. Nós andamos muito armados no Brasil, não com arma física, mas com arma mental. Nós temos que desarmar e dialogar uns com outros que nós vamos acertar", afirmou.
O prefeito Gilberto Kassab (PFL) e o comandante da Polícia Militar, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, também acompanharam a missa.
(REGIANE SOARES)


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