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Em missa pela paz, cardeal cobra reformas
Arcebispo dom Cláudio Hummes critica o sistema prisional e pede políticas públicas para pobre e jovem
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O cardeal dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo,
criticou ontem o sistema carcerário paulista e disse que a situação das penitenciárias contribuiu para o fortalecimento
do crime organizado e das rebeliões. "É urgente a necessidade
de humanização das prisões",
afirmou o cardeal durante missa pela paz celebrada na Catedral da Sé, na capital.
"As penitenciárias estão em
condições desumanas, que levam a rebeliões, assassinatos e
ao mando do crime organizado
de dentro das prisões, o que não
deveria ocorrer. Isso significa
que há algo errado ali dentro."
O cardeal aproveitou a cerimônia para cobrar políticas públicas para mais de um milhão
de jovens que estão desempregados e para os pobres. "Muito
do que está acontecendo tem a
ver com pobreza, marginalização e falta de perspectiva [dos
jovens]. Não estou dizendo que
a pobreza leva ao crime, mas
muitas vezes o crime se aproveita da pobreza das pessoas
para aliciá-las para o seu lado.
Isso é muito triste", disse.
A missa celebrada ontem foi
a primeira mobilização da Igreja Católica após os ataques criminosos iniciados em 12 de
maio. Além da Sé, outras 1.890
paróquias do Estado participaram da convocação do cardeal,
que pediu a todos que vestissem branco ou colocassem uma
bandeira branca nas janelas de
suas casas.
Questionado sobre a demora
da Igreja Católica em se manifestar sobre os ataques, o cardeal disse que estava feliz por
conseguir fazer a celebração e
envolver todo o Estado. "Talvez
devêssemos ter feito antes. Mas
acho que nunca é tarde."
Mensagem
Na homilia, o cardeal Hummes leu a mensagem assinada
por noves bispos da Grande São
Paulo contra a violência e que
cobra reformas da segurança
pública e do sistema prisional.
O cardeal reforçou o manifesto ao se posicionar favoravelmente a investimentos nas
polícias e à aplicação de penas
alternativas para amenizar a
superlotação dos presídios.
Ressaltou, porém, que a igreja
não é a favor da impunidade.
O governador Cláudio Lembo (PFL) disse que o manifesto
da igreja exige uma profunda
reflexão de todos os que estão
em cargos com poder de decisão. Para ele, os governos são
obras de humanos, e os "humanos sempre se equivocam".
O governador diz acreditar
que São Paulo vencerá o crime
quando houver solidariedade.
"Nós temos que nos desarmar.
Nós andamos muito armados
no Brasil, não com arma física,
mas com arma mental. Nós temos que desarmar e dialogar
uns com outros que nós vamos
acertar", afirmou.
O prefeito Gilberto Kassab
(PFL) e o comandante da Polícia Militar, coronel Elizeu
Eclair Teixeira Borges, também acompanharam a missa.
(REGIANE SOARES)
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