São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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Substâncias contaminam pela cadeia alimentar

Ingeridos, peixes do Tietê passam os metais pesados presentes no rio

Absorção também pode ser pela pele ou pela água bebida; cada metal provoca um dano diferente à saúde

DE CAMPINAS

Os metais pesados presentes nos sedimentos do rio Tietê podem contaminar o ser humano por meio da cadeia alimentar ou até durante contato com a pele ou com a água, afirmam especialistas. Quem se alimenta de peixes do Tietê pode ser afetado.
"O que fica no sedimento é incorporado ao ambiente e isso acaba passando para o ser humano. Passa na cadeia alimentar e existe uma possibilidade de absorção pela pele e pela água que está sendo ingerida", diz Sílvia de Oliveira Cazenave, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da PUC-Campinas.
Segundo ela, porém, é difícil ligar uma doença à exposição aos metais. "Uma pessoa que ingerir mais peixe dessa região pode apresentar alguma alteração na saúde e a gente nem vai conseguir fazer direito essa correlação."
Cada metal pode produzir um dano diferente à saúde. O cromo acima do limite, por exemplo, pode causar danos renais. O chumbo fica anos armazenado no tecido ósseo. "Ele ocupa o lugar do cálcio e vai sendo liberado aos poucos. O chumbo pode atingir a hemoglobina", diz Sílvia.
A hemoglobina é o pigmento que dá a cor aos glóbulos vermelhos e tem a função de transportar o oxigênio dos pulmões aos tecidos.
"Os primeiros a ser afetados são crianças, idosos e pessoas que têm qualquer patologia. Uma pessoa que tem uma doença hepática vai ser a primeira a sofrer o dano de um desses metais porque a maioria deles provoca danos hepáticos graves", diz.
O pesquisador do Cena/ USP Jefferson Mortatti orienta o consumidor de peixes do rio a evitar comer a cabeça. "Normalmente, os metais pesados se acumulam no cérebro", explica o pesquisador.
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de SP), órgão ligado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, foi procurada pela Folha e informou que, por questões éticas, não se manifesta sobre estudos realizados por outros órgãos. (MS)


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