São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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DESESTATIZAÇÃO
Pacaembu, Anhembi e Interlagos apresentam déficit de R$ 18 milhões
Bens "privatizáveis" dão prejuízo

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

O estádio do Pacaembu, o autódromo de Interlagos e a empresa Anhembi Turismo, que a Prefeitura de São Paulo pretende vender para saldar parte de sua dívida de longo prazo, dão um prejuízo anual de R$ 18 milhões aos cofres municipais, segundo a prefeitura.
Desse total, o Anhembi responde por R$ 15,2 milhões, o Pacaembu, por R$ 1,6 milhão, e o autódromo, por R$ 1,2 milhão.
Não há, hoje, avaliação do valor que esse patrimônio, hoje tão deficitário, alcançaria em leilão.
Mas, para o secretário de Comunicação Social, Antenor Braido, a venda desse patrimônio rende R$ 1,8 bilhão, incluídos aí os reais a serem obtidos com a privatização do abastecimento de água e esgoto, hoje a cargo da Sabesp.
A viabilidade financeira dos negócios, porém, não é o grande empecilho ao projeto. A resistência na Câmara promete ser maior.
É que a privatização do Pacaembu não é consensual, entre outras razões devido ao fato de que um dos grupos interessados em adquirir o estádio é a igreja Universal, do bispo Edir Macedo, que sofre resistência fora da bancada evangélica de vereadores.
Além disso, o estádio está localizado em um bairro tombado, e os vereadores já vêem restrições à forma de exploração do imóvel.
É o que diz o vereador Paulo Frange, líder do PPB, que inclusive apóia o prefeito Celso Pitta.
"Vejo dificuldade em relação ao Pacaembu porque o bairro é tombado", diz Frange, para quem a compra do estádio pela igreja não é um problema "desde que a função do estádio não seja mudada". Ou seja, "o Pacaembu tem de continuar a ser um estádio para o futebol", afirma.
Braido não vê dificuldades na aprovação das privatizações. "Temos maioria na Câmara", disse.
Para vender o patrimônio, a prefeitura deve pedir autorização à Câmara. O pedido passa por pelo menos três comissões e duas audiências públicas antes de entrar na pauta de votação. Qualquer ressalva ao projeto, como a que Frange faz, ou a garantia de atendimento social, tem de constar da autorização.
"Temos que trabalhar a Câmara, política e tecnicamente", diz Braido.


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