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CIDADANIA
Projeto prepara dançarinos de 6 a 16 anos para teste do Theatro Municipal
Dançar balé "salva" crianças no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Luanda de Andrade Thiago, 12,
resume o que tem sido sua vida
nos últimos cinco anos com uma
frase: dançar balé para não "dançar" na vida. "Dançar na vida é
morrer, é entrar para o tráfico, é
não ser feliz", diz ela.
A definição de Luanda é o lema
do projeto "Dançando para não
dançar", que atende 100 crianças e
adolescentes dos morros Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, em Ipanema (zona sul), Rocinha (zona
sul) e Mangueira (zona norte).
O projeto foi criado há cinco
anos por Thereza Aguilar, 34, bailarina profissional durante dez
anos. "Tive a idéia quando estava
dançando no balé de Cuba. Lá foi
feito um trabalho semelhante
com crianças das comunidades, e
o resultado é um dos melhores
balés do mundo", afirma.
As escolas dos morros preparam as crianças de 6 a 16 anos,
gratuitamente, para a disputa da
seleção da escola de balé do Theatro Municipal do Rio. Este ano, o
projeto vai ser estendido para o
morro do Chapéu Mangueira, no
Leme (zona sul). Há também planos de se implantar o projeto em
Curitiba (PR).
Duas garotas do Cantagalo,
Luanda Thiago e Jéssica Antunes,
já alunas da escola do Municipal,
foram selecionadas para um curso de um ano na Escola de Balé de
Berlim, na Alemanha. As despesas das duas serão pagas pela produtora Vídeo Filmes, do cineasta
Walter Salles, que realizou um documentário sobre o projeto.
Thereza Aguilar conta que,
quando iniciou o trabalho, não
havia uniforme nem sapatilhas
para os alunos.
As crianças vêm de famílias pobres e muitas têm de trabalhar para ajudar em casa. Francisca Josiane Emiliano Soares, 13, até hoje
vende bala para ajudar a mãe.
"Dançar é minha vida, é aqui
que eu me sinto em casa. O balé é
a minha arte, é ele que vai me fazer ser alguém", diz.
Parcerias com entidades não-governamentais, órgãos públicos
e privados garantiram a sobrevivência do projeto nos últimos cinco anos. A partir do mês que vem,
um patrocínio de R$ 140 mil
anuais da Petrobras Distribuidora
vai permitir que o projeto atenda
150 crianças e adolescentes.
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