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Sem outdoor, publicitário mira espaço público
Agências já preparam nova estratégia
Prefeito afirma que pode
desistir de lei que permitiria
propaganda em locais
públicos como lixeiras
e pontos de ônibus
DA REPORTAGEM LOCAL
Aparentemente conformados com a proibição de outdoors, painéis luminosos e outras formas de propaganda nas
ruas, publicitários miram agora
o chamado mobiliário urbano.
A lei que proibiu a propaganda nas ruas de São Paulo a partir de 1º de janeiro, publicada
ontem no "Diário Oficial" do
Estado, prevê que a prefeitura
envie um projeto de lei para a
Câmara com as regras para a
entrega à iniciativa privada da
exploração do mobiliário urbano -pontos de ônibus, bancas
de jornais, relógios, lixeiras etc.
A idéia é que a única propaganda permitida nas ruas seja
nesses espaços, o que deve gerar uma receita milionária à
prefeitura, mas que obrigará os
anunciantes a reprogramarem
suas ações de marketing.
O presidente da Abap (Associação Brasileira de Agências
de Publicidade), Dalton Pastore, prevê que parte da verba
usada atualmente pelos anunciantes migre para outras mídias -rádios, TVs e jornais, por
exemplo- e também para esses
locais "públicos". "Ninguém vai
reduzir sua necessidade de
vendas e seu investimento em
vendas pela falta de outdoor",
afirmou Pastore.
O problema é que o prefeito
Gilberto Kassab (PFL) diz não
estar convencido sobre a necessidade desse tipo de propaganda. "Eu preferia que não tivesse
publicidade nem no mobiliário
urbano", afirmou Kassab em
entrevista na prefeitura.
Funcionaria da seguinte forma: depois do projeto aprovado
na Câmara, a prefeitura abriria
uma licitação para escolher a
empresa que terá o direito de
vender anúncios nesses locais
públicos. Venceria a licitação a
empresa que pagasse o maior
valor para a prefeitura em troca
da exploração do serviço.
Com esse dinheiro, Kassab
pretende enterrar os fios e cabos aéreos -eletricidade, telefonia etc.- que cortam a cidade. Para ele, esse é a segunda
etapa de combate à poluição visual em São Paulo.
Só que o prefeito disse ter pedido à Secretaria de Planejamento que avalie a possibilidade de fazer o "enterramento"
com dinheiro do próprio Orçamento. Se isso for possível,,
Kassab disse que não enviará o
projeto da licitação do mobiliário urbano, o que deve frustrar
ainda mais os publicitários.
"Eu aguardo manifestação da
área de planejamento e finanças para que verifique a possibilidade de fazermos o investimento sem essa verba [da publicidade no mobiliário urbano]. Caso contrário, encaminharemos o projeto e usaremos
a receita como dinheiro carimbado para que a gente possa enfrentar a segunda etapa da poluição visual que é o enterramento dos fios e cabos", disse.
A agência Le Pera, por exemplo, anunciou a contratação de
uma profissional -Márcia Niederauer, ex-produtora da TV
Globo- para elaborar estratégias de realocação da verba hoje
destinada a outdoors.
Mais branda
Há quem, no entanto, creia
que a lei publicada ontem ainda
se torne mais branda. E que,
por isso, prefere esperar antes
de descartar a exploração outdoors, cartazes, painéis eletrônicos e afins.
"Não vamos pensar nisso
ainda, porque acreditamos que
a lei será revista", afirmou Marta de Moraes, diretora de pesquisa e planejamento de mídia
da agência Neogama/BBH.
Para ela, a lei é radical e, se
aplicada na íntegra, vai causar
impacto forte no setor. "O outdoor é uma mídia bastante utilizada, principalmente nos últimos 3 anos, em razão da criatividade. O outdoor permite um
malabarismo [na divulgação
das campanhas], dá repercussão. Para a agência, é fundamental", afirmou.
A diretora de mídia da Young
& Rubicam, Luciana Schwartz,
classifica de "drástica" a lei do
prefeito Kassab. "Quando bem
explorado, o outdoor não chega
a "agredir" o consumidor, e é
meio importante da composição das estratégias de mídia das
agências", disse ela, favorável,
porém, a uma reorganização
menos radical da mídia exterior em São Paulo.
(EVANDRO SPINELLI E RICARDO GALLO)
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