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Arquitetos afirmam que cidade ficará livre do "caos" e do "emporcalhamento"
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
São Paulo ficará aliviada ao se
ver livre do "caos", do "emporcalhamento" e do excesso de
informação quando a prefeitura fizer valer a lei que proíbe
outdoors na cidade, afirmam
arquitetos ouvidos pela Folha.
O texto foi aprovado anteontem na Câmara e sancionado
no mesmo dia pelo prefeito
Gilberto Kassab (PFL). A lei
passa a valer em 1º de janeiro
de 2007, quando ficam proibidos painéis eletrônicos, outdoors, faixas e banners.
"Vamos sentir um alívio,
porque há uma carga muito
violenta hoje de poluição visual", afirmou José Eduardo
Tibiriçá, vice-presidente da Asbea (Associação Brasileira de
Escritórios de Arquitetura),
que acredita até numa mudança de comportamento do paulistano ao ver a cidade livre da
propaganda em excesso. "As
pessoas passarão até a mudar a
sua relação com a cidade, perceber trechos de rua com as
quais vão simpatizar."
O pensamento é semelhante
ao do professor Nestor Goulart
Reis, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Na
avaliação dele, deve ser a arquitetura, não a publicidade, o elemento a sobressair na paisagem urbana de São Paulo. "A
aparência da cidade tem que
ser dada pela própria arquitetura e não pela publicidade."
Também compartilha da
mesma opinião o arquiteto
Marcelo Ferraz, colaborador
por mais de uma década de Lina Bo Bardi (1914-1992). "São
Paulo é uma das cidades mais
visualmente poluídas do mundo. Aqui a sinalização vem para
esconder a boa arquitetura."
Cidade emporcalhada
A proposta de uma cidade
mais bela atrás da grande quantidade tem mais adeptos entre
os arquitetos. "A minha opinião
é a das pessoas lúcidas: tem que
tirar esses anúncios porque a
cidade está emporcalhada",
afirmou Carlos Lemos, professor de pós-graduação da FAU.
Segundo ele, o despoliciamento [sic] fez de São Paulo
exageradamente permissiva.
"Acabei de voltar de Buenos Aires, que é uma cidade limpa.
Nova York só tem anúncios em
determinados lugares, Paris,
Londres. Nenhuma tem o despoliciamento como o daqui."
A overdose de publicidade
contraria, de acordo com Nestor Reis Goulart, o conceito de
que os anúncios atraem o consumidor. "Essa multiplicidade
de informações leva ao caos. A
aparência muito decente do
centro foi utilizada para uma
iniciativa pouco inteligente. Há
muitos anúncios, mas o passante não lê nenhum." O único
a destoar do grupo foi Ferraz,
favorável à liberação "controlada" dos outdoors. Segundo ele,
as peças, em determinadas paisagens, não são agressivas.
Os arquitetos ouvidos afirmaram que a fiscalização não
deverá ser complexa. Com exceção das peças de mobiliário
urbano, todos a publicidade
restante, a partir da entrada em
vigor da lei, passará a ser ilegal.
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