São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Médico que liberou suspeito já quis soltar assassino de Liana

Um dos psiquiatras responsáveis pelo laudo do detento havia defendido, em 2006, a liberdade do jovem após internação

Já o documento que favoreceu Rosário, acusado de matar os irmãos na serra da Cantareira, diz que ele tem "retardo mental leve"

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos psiquiatras responsáveis pelo laudo que permitiu a saída do detento Ademir Oliveira do Rosário, acusado de matar dois irmãos na serra da Cantareira, também assinou o laudo usado para defender a liberdade do assassino da estudante Liana Friedenbach, 16, e o do namorada dela, Felipe Caffé, 19, mortos em 2003.
O psiquiatra Charles Louis Kiraly, que assina o laudo contido no processo de execução penal de Rosário ao lado do psiquiatra Ricardo Bittencourt Nepomuceno, fez parte de uma junta de profissionais que analisou o assassino de Liana após a internação de três anos na Fundação Casa (ex-Febem).
O documento foi contestado pelo Ministério Público, que disse que ele defendia a desinternação. Novo laudo atestou a periculosidade do jovem, que foi interditado judicialmente. A pedido da Vara da Infância e Juventude, a Corregedoria dos Presídios, órgão da Justiça, pediu ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) a apuração da conduta de Kiraly no caso. O Cremesp concluiu não haver irregularidade.
O laudo dos psiquiatras afirma que Rosário sofre de "transtorno não-especificado de personalidade" e "retardo mental leve". O documento usa o termo "periculosidade presente".
O documento aponta "como possível a desinternação progressiva". O laudo é de novembro de 2005, quando Rosário ainda estava no Hospital Casa de Custódia de Taubaté. Em agosto de 2006, um juiz autorizou a desinternação progressiva em Franco da Rocha.
Além do laudo, a Secretaria da Administração Penitenciária apresentou outros documentos à Justiça. Um deles atestava seu bom comportamento. Rosário é considerado semi-imputável (tem consciência do que é crime, mas não consegue se controlar).
Pela manhã, o governador José Serra (PSDB) disse que "não houve falha" na liberação do acusado. "Queremos restabelecer o exame psiquiátrico, que acabou após uma lei do atual governo federal. Deu direito automático para todos saírem." À tarde, após questionamento da Folha, Serra disse, por sua assessoria, que havia se enganado e citado alteração no regime semi-aberto. Mas não deu novas explicações sobre a liberação do acusado. (GILMAR PENTEADO E KLEBER TOMAZ)


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