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Médico que liberou suspeito já quis soltar assassino de Liana
Um dos psiquiatras responsáveis pelo laudo do detento havia defendido, em 2006, a liberdade do jovem após internação
Já o documento que favoreceu Rosário, acusado de matar os irmãos na serra da Cantareira, diz que ele tem "retardo mental leve"
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos psiquiatras responsáveis pelo laudo que permitiu
a saída do detento Ademir Oliveira do Rosário, acusado de
matar dois irmãos na serra da
Cantareira, também assinou o
laudo usado para defender a liberdade do assassino da estudante Liana Friedenbach, 16, e
o do namorada dela, Felipe Caffé, 19, mortos em 2003.
O psiquiatra Charles Louis
Kiraly, que assina o laudo contido no processo de execução
penal de Rosário ao lado do psiquiatra Ricardo Bittencourt
Nepomuceno, fez parte de uma
junta de profissionais que analisou o assassino de Liana após
a internação de três anos na
Fundação Casa (ex-Febem).
O documento foi contestado
pelo Ministério Público, que
disse que ele defendia a desinternação. Novo laudo atestou a
periculosidade do jovem, que
foi interditado judicialmente. A
pedido da Vara da Infância e
Juventude, a Corregedoria dos
Presídios, órgão da Justiça, pediu ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) a
apuração da conduta de Kiraly
no caso. O Cremesp concluiu
não haver irregularidade.
O laudo dos psiquiatras afirma que Rosário sofre de "transtorno não-especificado de personalidade" e "retardo mental
leve". O documento usa o termo "periculosidade presente".
O documento aponta "como
possível a desinternação progressiva". O laudo é de novembro de 2005, quando Rosário
ainda estava no Hospital Casa
de Custódia de Taubaté. Em
agosto de 2006, um juiz autorizou a desinternação progressiva em Franco da Rocha.
Além do laudo, a Secretaria
da Administração Penitenciária apresentou outros documentos à Justiça. Um deles
atestava seu bom comportamento. Rosário é considerado
semi-imputável (tem consciência do que é crime, mas não
consegue se controlar).
Pela manhã, o governador
José Serra (PSDB) disse que
"não houve falha" na liberação
do acusado. "Queremos restabelecer o exame psiquiátrico,
que acabou após uma lei do
atual governo federal. Deu direito automático para todos
saírem." À tarde, após questionamento da Folha, Serra disse,
por sua assessoria, que havia se
enganado e citado alteração no
regime semi-aberto. Mas não
deu novas explicações sobre a
liberação do acusado.
(GILMAR PENTEADO E KLEBER TOMAZ)
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